“Não repitam o erro do Ceará, diz presidente da FAEC”

“Não repitam o erro do Ceará, diz presidente da FAEC”

Entrevistei no Conexão Rural deste sábado, 28, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Ceará (Faec), Amilcar Silveira 9foto abaixo). Ele Foi franco e direto nas informações e conceitos que passou. Como, por exemplo, quando aconselhou:

Não deixem fazer o que foi feito aqui no Ceará, pois os produtores rurais estão pagando um preço caro pela irresponsabilidade”.

Silveira se referia ao Projeto de Lei que vedou o uso de aeronaves de drones na aplicação de defensivos e outros produtos nas lavouras do seu estado. A lei, criada através de um projeto ingressado por um deputado do Psol, está em vigor desde 2019 e agora os produtores tentam reverter politicamente a medida.

O Ceará é o maior produtor de melão do país, com o carregamento médio semanal de 300 containers da fruta que serão consumidas nos países da União Europeias, e agora, mais recentemente, na China. Outro forte da produção cearense é a carcinicultura, com os cearenses respondendo por 43% da produção de camarões do país. E são também o terceiro polo de ovinocultura, mesma colocação no cultivo de flores. São mais de 2 milhões de pessoas que vivem no (e do) campo no Estado, que tem registrados 384 mil estabelecimentos rurais de todos os portes.  

Mas foi a fruticultura mesmo a mais prejudicada pela proibição feita do uso dos aviões e drones, sobretudo a produção de bananas. Com o tempo, a variação genética fez com que as plantas ficassem maiores e os cachos mais altos, o que dificulta a aplicação terrestre dos agroquímicos.  E foram os produtores da região irrigada da Chapada do Apodi, na divisa com o Rio Grande Norte, onde se concentra o grosso da produção, os que mais se sentiram o fim dos serviços das empresas de pulverização de lavouras.

“E uma mistura de insanidade com ideologia política”, classifica o produtor rural Amilcar Silveira, que vai completar em dezembro o seu segundo ano no comando da Faec. O dirigente é enfático ao dizer que a postura do então governador Camilo Santana (PT) foi fundamental para que a proibição fosse aprovada pelo legislativo cearense.

O ex-governador, que sancionou a Lei depois de articular a sua aprovação, é engenheiro agrônomo por formação. Entre ser leal ao diploma e a sua vertente ideológica e política, fez a sua escolha. O prêmio?  Se elegeu senador em 2022 com mais de 3 milhões de votos cearenses. Licenciado da Casa e homem de confiança de Lula, Santana é o atual ministro da Educação.

O desafio agora é tentar fazer aprovar um projeto liberando o serviço das empresas de aviação agrícola. Se não der para ser total como antes, ao menos que as operações dos drones sejam permitidas. Para isso, Amilcar Silveira disse na entrevista ao CR haver um compromisso do atual comandante do Palácio da Abolição com a Faec e demais entidades dos produtores para que o serviço de pulverização aéreo seja retomado. O governador Elmano de Freitas, também do PT, não é agrônomo, mas parece mais sensível sobre a necessidade de proteger as safras cearenses.

Freitas é advogado e ex-secretário estadual do Ceará. Ele está inspirando mais confiança entre os produtores. Prova disso é que está ciente do novo projeto e inclusive vem ajudando nas articulações para a sua aprovação. Parece ter vontade de corrigir um erro grosseiro e histórico do seu antecessor e dos deputados que o apoiavam.