Languiru muda para seguir marchando firme
O Conexão Rural acompanhou nesta quarta-feira (18), em Teotônia, na Região do Vale do Taquari, uma reunião-almoço na sede da Associação dos Funcionários da Cooperativa Languiru. Nela, a direção da cooperativa fez uma prestação de contas dos resultados financeiros de 2022 e apresentou o programa de reestruturação da Languiru, prejudicada por uma crise que atingiu o setor cooperativo. Essa crise, segundo a Languiru, tem entre as causas o alto custo da commodities, a redução do poder de compra do consumidor e as dificuldades enfrentadas na indústria de proteína animal.
Ao mostrar as mudanças, que já haviam sido anunciadas com exclusividade aos sócios, em dezembro de 2022, o presidente da Languiru, Dirceu Bayer (ver entrevista abaixo), disse que a iniciativa desta quarta-feira visou dar transparência pública às operações da cooperativa, segundo ele, afetada por uma onda de boatarias surgida após a decisão de não preencher as vagas sazonais das unidades de aves e suínos da cooperativa, que tiveram redução das suas operações por causa dos altos custos das operações.
Bayer prevê um faturamento 8% menor no segmento dessas carnes em 2023 ante 2022, cuja participação foi de 43% nos ganhos da Languiru. O alto custo com o milho, principal fonte de ração das granjas contribuíram para medida. A insuficiência na produção do milho no Rio Grande do Sul faz os empreendimentos terem que desembolsar até R$ 20,00 a mais por saco de milho originário de outros estados. Isso eleva exageradamente os custos de quem processa e comercializa aves e suínos.
Sobre o futuro da indústria de carnes, sobretudo das aves e de suínos, o presidente da Languiru não demonstra otimismo a curto prazo. Para ele, se não houver a implantação de um regramento que equilibre as produções das culturas no Estado a soja sempre vai prevalecer sobre as demais lavouras de grãos.
Além da diminuição dos estoques nos alojamentos e dos abates, que irão gerar uma redução no capital de giro da cooperativa na ordem de R$ 30 milhões mensais, outros R$ 24 milhões serão poupados com a adoção das demais ações de rigidez financeira.
Nos planos da Nova Languiru, como é denominado o processo de restruturação da cooperativa, estão ainda o fortalecimento do frigorífico de bovinos, maior foco no mercado de grãos e nos demais negócios como leite, varejo e venda de rações, além da busca de mercados importadores que melhor remunerem. Também faz parte das ações a ampliação da relação com parceiros tradicionais como a Aurora Alimentos, Lactalis e Tirol.
“Se somos a primeira a tomar atitude, também seremos a primeira a sair da crise”, disse Bayer ao público, que contou também com jornalista, políticos e lideranças setoriais, como o presidente da Associação dos Criadores de Suínos do Rs (AcesuRS), Valdecir Folador; o superintendente do Sistema Ocergs, Gelson Lauermann e o presidente da Associação dos Municípios do Vale do Taquari e prefeito de Estrela, Elmar Schneider.
Acompanhado pelo seu vice-presidente, Cesar Wilsmann, Bayer também cobrou comprometimento do poder público com todos os subsetores que compõem o agronegócio.
“Quando falam que o agronegócio é o pilar da economia brasileira, de fato o é, mas isso está centrado mais na produção de grãos. Esquecem-se da indústria de transformação, que agrega valor à matéria-prima, que transforma o grão em alimentos na mesa dos consumidores, setor que passa por extrema dificuldade”, reclamou disse.
Faturamento
O dirigente, que já está há 20 anos no comando da Languiru e foi o responsável por transformá-la numa das maiores cooperativas do Brasil, acredita que as medidas comecem a dar resultados já no primeiro trimestre de 2023.
Fundada em 1955, a empresa conta com 6 mil associados e teve um faturamento de R$ 2,7 bilhões em 2022. Com a medidas, a previsão é que essa soma ultrapasse os R$ 3 bilhões este ano.
Por Alex Soares