O fato novo da campanha: Sérgio Moro
Aqueles que imaginavam um Bolsonaro explosivo e instável no debate deste domingo (16) se decepcionaram. Com a exceção da largada, onde Lula parecia mais a vontade e a pauta predominante foi a pandemia 2020-21, o restante do encontro foi marcado por um Bolsonaro demonstrando segurança e domínio dos temas na medida em sendo abordados.
Do segundo bloco para frente, quando os escândalos do governo petista vieram, Lula perdeu a mão e foi ficando nervoso. Ia a e voltava ao púlpito, desconfortável. Bolsonaro chegou a brincar, encostando a mão no seu ombro e pedindo pra ele ficar parado para lhe ouvir.
Faltando 15 dias para uma das eleições presidenciais mais concorridas da história era previsto que a beligerância do debate espelhasse o tom da propaganda eleitoral de ambos. Até foi, mas com uma certa classe. Lula também chegou a brincar, dizendo que o oponente nunca teria discursado contra sua gestão, enquanto foi. Bolsonaro negou.
Nordeste, economia, empregos, educação, programas sociais, ideologia política e outros temas foram abordados com maior ou menor profundidade e sempre com um acusando o outro de mentir.
Na questão da Amazônia, por exemplo, Bolsonaro apresentou números comparativos, provando que no seu governo houve menos desmatamento no que no primeiro mandato de Lula. O ex-presidente não apresentou contra-argumento e tentou fazer um agrado com os “produtores rurais sérios”.
Outro destaque do debate foi a presença do senador eleito pelo Paraná, Sérgio Moro (União Brasil) no grupo que acompanhou Bolsonaro na Band. Ao final, falou ao lado do ex-chefe a quem tinha acusado de interferências indevidas na polícia federal durante a sua gestão no Ministério da Justiça. "Tenho, sim, minhas divergências com o presidente Bolsonaro, mas as convergências são muito maiores", disse o ex-juiz, responsável direto pela operação que culminou com a prisão do ex-presidente Lula por corrupção e formação de quadrilha.
Ainda não se sabe qual o ganho eleitoral de Bolsonaro com a entrada em campo de Moro, cuja prova do respeito que goza entre os brasileiros foi dada na eleição paranaense.
Moro pode influenciar positivamente naquela faixa dos que não votam nem em Bolsonaro nem em Lula e se frustraram por uma terceira via – que poderia ter sido ele - não ter se criado. Algo é certo: atrapalhar ele não atrapalha e numa eleição apertada qualquer ganho pode significar muito.