Dirigente critica burocratização dos vínculos das Decrabs

Dirigente critica burocratização dos vínculos das Decrabs

Por Alex Soares/CR

Ao participar do programa Conexão Rural deste sábado (30) a produtora rural e advogada Antonia Scalzilli trouxe esclarecimentos sobre a atual situação das Decrabs, as delegacias de polícia especializadas na repressão dos crimes praticados no meio rural do Rio Grande do Sul.

Veja entrevista em video abaixo do texto

A entrevista de Antonia se deu após chegar ao CR a informação de que três unidades da especializada iriam ser fechadas por decisão da Chefia de Polícia do Estado.

Antônia, que responde pela área da segurança no campo no Instituto Desenvolve Pecuária e na Febrac (Federação Brasileira das Associações dos Criadores de Animais de Raça) negou que haja movimentos nesse sentido, já que ela própria vem conversando com o atual chefe de Polícia, delegado Fábio Motta Lopes sobre melhorias a serem implementadas na especializada.

Ela explicou que o que está sendo negociado com o órgão da segurança pública é o aperfeiçoamento das Decrabs, a partir da escolha de um formato que atenda as necessidades dos produtores rurais e que seja exequível operacionalmente.

A produtora rural lamentou a promulgação de um decreto assinado durante a edição de 2021 da Expointer que promoveu modificações no esquema de funcionamento dessas delegacias. Um dos efeitos desse decreto é que o trabalho ficou mais burocratizado, explica ela, já que os titulares das especializadas passaram a se reportar com as delegacias regionais e não mais com o Departamento de Polícia do Interior (DPI).

Segundo Antonia, com esse decreto, que objetivava também a criação de uma unidade da Decrab em Alegrete, o órgão também perdeu a sua essência de inteligência e de repressão às quadrilhas especializadas em crimes rurais, passando a atuar em ocorrências comuns.

Efetividade

Criadas em 2018, ainda no governo de José Ivo Sartori (MDB), com a inauguração de duas unidades, Bagé e Santiago, as Decrabs se constituem na institucionalização de uma força-tarefa que reuniu as forças policiais e outros órgãos de fiscalização do estado. Com a inauguração das unidades de Camaquã e Cruz Alta, a atuação da especializada foi ampliada.

Nesses quatro anos de funcionamento, os agentes de segurança promoveram grandes operações que desmontaram antigas e novas quadrilhas. Muitos criminosos foram presos. A estatísticas falam por si, já que as ocorrências como furtos de gado, maquinário agrícola e produtos químicos utilizados nas lavouras caíram em média 15% neste período.

Antônia elogiou a atenção dada ao tema pelo atual chefe da Polícia Civil, mas não poupou críticas à postura do atual governo estadual em relação ao setor rural:

 “Essas alterações foram uma grande regressão, pois a impressão é que não existe interesse dessa gestão em olhar pra nós”, desabafou a produtora, que tem criação de gado em Cacequi, na Fronteira Oeste e já foi vítima dos criminosos.

Pouco caso

Antônia lamenta a situação por se tratar de uma injustiça que atinge aqueles cuja atividade representa uma fundamental contribuição ao PIB (Produto Interno Bruto) do Rio Grande do Sul.

“Tu queres mais vulnerabilidade do que essa com a qual os trabalhadores do campo são submetidos”?, questionou ela ao pregar que o setor não quer qualquer tratamento privilegiado, mas sim justo pela sua representação.

Ela não acredita em novas medidas que venham a piorar o atendimento relacionado às Decrabs, mas por outro lado também teme que as alterações demandadas não venham a ser atendidas num curto prazo.

“Não vamos descansar”

“Infelizmente, a política continua norteando as decisões dos governos, quando na verdade o que deveria ser determinante para isso são as demandas reais”, refletiu Antonia Scalzilli ao dizer que ela e as entidades que representa não irão descansar enquanto os avanços necessários para aperfeiçoar o serviço das Decrabs não acontecerem.