Crimes Rurais, o despertar das quadrilhas

Crimes Rurais, o despertar das quadrilhas

*Por Luis Felipe Canto Barros

Troca de tiros, perseguições, espancamento, cárcere privado, ameaças de morte, assassinatos e impunidade. Este é o cenário dos crimes rurais. Crime de carneada é comemorado, pois hoje bandidos levam caminhões carregados de gado.

Atualmente, famílias são mantidas reféns por uma noite inteira, sob o jugo de uma arma, enquanto parte da quadrilha leva implementos agrícolas, veículos e insumos agropecuários. A insegurança deixa sequelas de medo, de ódio e psíquicas, fazendo os produtores abandonarem o campo.

Estamos vivendo a diáspora rural por conta da criminalidade. Onde estaremos seguros? Certamente não é no campo. Recentemente, bandidos invadiram várias fazendas, mantendo famílias reféns, sobre ameaça de morte, até que os comparsas estivessem longe com os maquinários, insumos e implementos. Um produtor rural teve mais de 30 animais furtados no mesmo ato. Um capaz foi morto em uma emboscada quando chegava na cidade. Onde estão esses dados? Eles não existem!

No site da Secretaria da Segurança Pública, os únicos dados segmentados aos crimes rurais são os de abigeato. Aliás, crime este que teve um aumento de 44 ocorrências, não havendo como calcular a quantidade de gado. Crimes vinculados ao meio rural não viram estatística e, com isso, o Estado não consegue criar uma política estratégica para o combate.

O Brasil e o Rio Grande do Sul são sustentados pelo agro, somos pilares da economia, mas temos fragilidades imensas no combate aos crimes que especificadamente nos assolam.

Enquanto que para o combate aos crimes urbanos a maioria dos municípios possui uma delegacia para investigação, para os crimes rurais temos seis. E todas com problemas para tornar eficiente o seu trabalho.

Os crimes rurais, especialmente os de abigeato, costumam ocorrer à noite, sem provas, sem testemunhas oculares e, inclusive, sem vítimas, porque depois de carneado o animal fica impossível encontrar o proprietário.

Diante disso, o Judiciário não tem sido sensível, exigindo provas cabais, impossíveis de serem alcançadas face ao tipo de crime (longas distâncias das sedes e dos potreiros onde os crimes ocorrem), não concedendo mandados de busca, quebra de sigilo telefônico ou bancário. Enquanto isso, as quadrilhas se deleitam na impunidade, na facilidade e no pavor que percorre o campo.

O campo clama e urge por segurança.

* Presidente do Instituto Desenvolve Pecuária