Por Alex Soares

Ao encerrar uma semana de encontros com as bases sindicais de cinco regionais, a Federação da Agricultura do RS (Farsul) deu mais um passo para execução de um bem fundamentado projeto de estímulo ao necessário incremento da produção de grãos no Estado. Ao final do encontro, realizado em Tapes, que fechou mais uma série, na sexta-feira (24), o presidente do Sistema Farsul, Gedeão Silveira Pereira falou com o Conexão Rural.

Na entrevista (assista ela em vídeo no final do texto), o dirigente explicou as bases do programa Duas Safras, cujo planejamento e articulação envolvem diretores, coordenadores das comissões temáticas e o corpo técnico da entidade, além da Casa Rural e do Senar-RS.

Santa Maria, Alegrete, Dom Pedrito e Pelotas foram os outros municípios onde aconteceram as reuniões da semana passada.

“A oportunidade está aí e entendemos o papel que o RS possui nesse novo contexto mundial por demanda de alimentos”, justificou Gedeão ao falar sobre o abismo produtivo entre as safras de verão, que ocupam por volta de 8 milhões de hectares, e as de inverno, cultivadas em 1,2 milhão de ha no Estado.  

Para o presidente da Farsul não se pode mais fechar os olhos para o “Fator China”, que estatisticamente tem inserido na sua classe média, diariamente, 110 mil pessoas, o que dá, segundo os seus cálculos, “uma Argentina por ano”.

“Temos uma Metade Sul cada dia mais convertida em uma nova fronteira agrícola e uma Metade Norte com muito a avançar”, ponderou ele ao falar da crescente demanda por grãos imposta pelas cadeias da suinocultura e da avicultura.

Segundo os dados do setor de proteína animal, o consumo de milho para ração das granjas do RS e de Santa Catarina demanda de 7 a 9 milhões de toneladas por ano. O fator logístico, segundo Gedeão, também beneficiaria essa produção na concorrência com o grão produzido no Centro Oeste do País.

Efeitos no PIB

A Farsul, que na semana passada recebeu o reforço da Federação da Cooperativas do RS (Fecoagro-RS) no projeto, além da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que já havia aderido, estima que com 45% das metas do programa aplicado haverá um incremento de 7% no Produto Interno Bruto (PIB) do Estado. Gedeão alerta, porém, que é um programa complexo, com a sua implementação apresentando reais resultados em médio e longo prazos.

Na entrevista, o líder da Farsul também falou sobre o papel do agronegócio na crise gerada pela pandemia da Covid-19, sobre a perda do poder aquisitivo da população e esclareceu sobre a alta dos preços dos produtos agrícolas.

Vice-Presidente da CNA 

Ele também comentou sobre a escolha do seu nome para a segunda vice-presidência da Confederação Nacional da Agropecuária (CNA), função que será exercida paralelamente ao cargo que já vinha exercendo como Diretor de Mercado Internacional da entidade. Ele também falou sobre a postura isenta da CNA nos seguidos e recentes episódios gerados pelas crises politico-institucionais do Brasil.

Veja a entrevista na íntegra a entrevista concedida a Alex Soares.