No limite - Conselho do Irga convoca reunião de emergência e servidores vão protestar
Por Alex Soares
Servidores do Instituto Riograndense do Arroz (Irga) estão programando uma manifestação para a próxima sexta-feira (27), a partir das 13h. O protesto, que deverá ser pacífico, ocorrerá no mesmo momento em que o Conselho Deliberativo do instituto se reúne para tratar sobre o futuro da autarquia, que há alguns anos entrou num processo de sucateamento e vem sofrendo com a indiferença dos sucessivos governos estaduais.
Tendo como chamada de ordem "# Valorização Já - Chega de Promessas", a manifestação de sexta-feira é organizada pelo Sindicato dos Servidores do Irga (SindisIrga) e contará com funcionários em atividade e aposentados, da Capital e do interior. A concentração será em frente à sede do Irga, na Avenida Farrapos, 3.999, Bairro Navegantes, em Porto Alegre.
Um sinal desse descaso do Palácio Piratini é que nos próximos dias se completarão três meses com instituto sem um presidente efetivo. Quem responde pelo cargo provisoriamente é o seu diretor administrativo, Eduardo Milani, indicado pelo então secretário Covatti Filho e que pouca intimidade tem com o setor. Na última segunda-feira (23), como mostra a foto, Milani, a secretária da Agricultura, Silvana Covatti; e o diretor comercial, João Batista Camargo Gomes, entregaram documento contendo as prioridades para recuperar o instituto.
Com salários baixos e sem reajustes há quase dez anos, os servidores chegaram a um ponto crítico de impaciência, depois que o Palácio Piratini anunciou, por meio de uma portaria publicada no Diário Oficial do Estado, a criação de um grupo de trabalho para "desenvolver proposta para reestruturar programas, ações e metas do Instituto, no prazo de cento e oitenta dias".
A portaria, assinada pelo secretário Estadual de Planejamento, Governança e Gestão, Cláudio Gastal, repercutiu mal entre os servidores e também entre os produtores de arroz, que têm um valor descontado em toda a saca do cereal vendida para manter financeiramente o instituto de pesquisa e extensão. É a Taxa de Cooperação e Defesa da Orizicultura (CDO).
A iniciativa do governo foi entendida como mais uma manobra do governo Leite para protelar ações que de fato venham a mudar a situação do Irga. Nos grupos de mensagens, as manifestações iam do desprezo à indignação: "Mais um grupo de trabalho para não resolver nada", era umas das frases mais comuns, acompanhada por críticas ao longo prazo publicado para a conclusão do trabalho do grupo e futuras tomada de medidas, as quais o governo já sabe quais são.
Uma delas - e talvez a mais importante - é que o Tesouro estadual começe a fazer o legalmente correto, ou seja, repassar integralmente os valores da CDO que são do Irga ao Irga. Faz tempo - e o passivo pode ser que é impagável - que a maior parte dos mais de R$ 100 milhões anuais recolhidos fica no caixa único do governo, que usa os recursos para outras despesas que nada tem a ver com o setor arrrozeiro, ou mesmo rural. .
Eduardo Leite vem sendo bastante cobrado por soluções nas últimas semanas. Foi o que aconteceu, por exemplo, na última sexta-feira (20), quando integrantes das associações de produtores da Fronteira Oeste lhe entregaram formalmente pedidos de respostas às demandas, quando ele visitava o município.
Bem informado
Essa foi uma das tantas reuniões em que Leite ouviu sobre o Irga, que são familiares ao governador mesmo antes da sua posse. Na campanha eleitoral de 2018 ele já recebia os diagnósticos do instituto. À época, viralizou um vídeo no qual ele assumia o compromisso de devolver todos os valores da contribuição dos arrozeiros às contas do Irga (ver o video abaixo).
No vídeo abaixo, gravado em fevereiro de 2019, portanto um mês após assumir o governo, Leite foi alertado pelo então presidente do SindisIrga, Gilberto Acosta Silveira, sobre os problemas do Irga e as suas consequências.
Já o atual presidente do mesmo sindicato, Michel Kelbert lamenta o fato de nenhum representante da entidade ter sido convidado para participar do grupo. Sobre o manifesto preparado para sexta-feira, Kelbert ressalta que o sindicato está ajudando na comunicação e na logística de transporte do pessoal que sairá do interior. "Queremos (com o protesto) chamar a atenção de o quanto estamos sendo prejudicados, pois realmente não aguentamos mais promessas", comenta o servidor.