Santa Tereza se aquece para o seu 22º Remate - Leia a entrevista de Paulo Azambuja

Santa Tereza se aquece para o seu 22º Remate - Leia a entrevista de Paulo Azambuja

Uma equipe empolgada e preparada para comemorar os resultados daquele que deverá ser o melhor remate em termos de resultados dentre os 22 que a Fazenda Santa Tereza completará este ano. Fatores combinados - como o promissor cenário pecuário, a oferta de um plantel de inequívoca qualidade racial e a inserção dos Brangus da Estância Madrinha no leilão anual da família Azambuja - ajudam a nutrir a expectativa do time, cujo otimismo é também embalada pelas crescentes marcas registradas nos eventos anteriores.  

Mas existem outras razões para reforçar essa segurança. E uma delas é a certeza de que o atendimento dado aos compradores é um diferencial. Leia-se como o bom atendimento da Santa Tereza a transparência utilizada na hora de repassar as informações que os futuros herdeiros da sua genética precisam e uma assistência pós-venda de excelência, a qual sempre é destacada pelos parceiros. 

No comando do time, um incansável perfeccionista. Engenheiro agrônomo por formação, Paulo Schermann Azambuja vive a pecuária com intensidade e vibra com os exemplares espalhado no campo nascidos e criados sob a rigidez do planejamento genético da ST.  

Na sede do empreendimento, localizada entre os municípios de Camaquã e Arambaré, Paulinho, como é tratado pelos amigos, recebeu o Conexão Rural. Começou a entrevista comentando sobre o atual momento de protagonismo da pecuária gaúcha e brasileira, que para ele é um efeito da crescente valorização da carne vermelha no mundo.

"Isso pode ser traduzido pelo retorno de muitos produtores à atividade e nos investimentos que vêm sendo feitos nas criações de animais que possam corresponder a essa demanda", disse.

 

Conexão Rural - Cada ciclo pecuário tem as suas peculiaridades. Quais são as da Fazenda Tereza deste período 2020-2021?

Paulo Azambuja - No geral mantemos o mesmo padrão de trabalho, que na verdade obedece a um ciclo de tempo maior. Estamos, agora, por exemplo, preparando as fêmeas que vão entrar em serviço para acasalar na primavera deste ano, para serem comercializadas somente na primavera de 2024.

 É um pensamento de médio prazo e que temos que executar bem em todas as suas etapas. Nos dá muita satisfação ver que nestes últimos 4 anos, principalmente nestes últimos 2 anos, os filhos dos nossos touros são de animais nascidos e criados na fazenda, a partir do nosso planejamento de melhoria.

Outro ponto que posso destacar é que neste ciclo tivemos uma forte procura pela nossa genética pelas centrais de inseminação do Brasil Central. É sinal que estamos fazendo bem o nosso serviço, o nosso tema de casa. 

CR - Nesse sentido, no quê os programas de melhoramento têm contribuído na excelência dos materiais da Santa Tereza? 

PA - Muito. A cada ano, os técnicos criam novos parâmetros de avaliação, que se transformam em potentes ferramentas que nos auxiliam muito em termos comparativos. São critérios que nos dão a capacidade de analisar animais de ambientes distintos. Isolada essa e outras variáveis, podemos salientar a parte genética.

Esses programas fazem nós aliarmos a ciência com o nosso olhar campeiro, que naturalmente já faz a seleção fenotípica. A partir dessa combinação conseguimos identificar com mais clareza a prevalência das linhagens e seus efeitos na evolução genética do plantel, como precocidade sexual ou ganho de peso a pasto.

CR - Ou seja, num momento em que a ciência nunca foi tão questionada e necessária para a humanidade, a pecuária cada vez mais se beneficia dela....

PA Sem dúvida. falando por nós aqui, a evolução da pecuária gaúcha está diretamente ligada à pesquisa, ao trabalho das instituições e universidades, dos seus professores, pesquisadores e técnicos.

Esse pessoal está permanentemente envolvido em investigações que levam em conta as nossas condições não só biológica, mas também as ambientais e climáticas.

E é o casamento desta parte técnica com a prática é que dá esse saboroso blend (mistura). Se fosse só pela aplicação da prática, esses avanços levariam muito tempo. Quer um exemplo? Olha a nova técnica das medições por ultrassonografia, que repercutem diretamente na melhora da produção da carne e no ganho nos resultados dos sistemas produtivos. 

Outro exemplo é a avaliação genômica, que busca os traços no código genético para identificar as aptidões e as caraterísticas que determinada linhagem é superior. São dados que são cruzados com os dos nossos programas de melhoramento e assim termos mais informações para aprimorarmos nossos planteis. Essas tecnologias, as quais já são aplicadas em outras partes do mundo, para a nossa felicidade, começam a ser usadas aqui também.

CR - Essa forte demanda pela proteína animal no mundo pode gerar o risco de comprometer a qualidade em nome da quantidade?

PA - Não acredito. Até porque na mesma proporção em que se busca quantidade se exige qualidade. Vejo o pessoal preocupado em fazer uma base forte. São pecuaristas que vêm investindo no que nós chamamos de "lavoura da carne", que consiste em maximizar a oferta, mas sempre agregando valor com a qualidade. Isso para justamente atingir os mercados que remuneram mais.

O objetivo é entrar nesses nichos que de fato dão retorno. E para isso tem que se oferecer o melhor.

CR - Como tu entendes esse plano liderado pela Farsul, com o apoio da Embrapa e de universidades, para melhorar a oferta de forrageiras na Metade Sul e assim estimular mais a lotação pecuária na região? 

PA - É uma ótima iniciativa e isso é sinal inequívoco de que a pecuária volta a ter a força numa região em que se dedicou mais nesses últimos anos à produção de grãos. Esse programa de estímulo às pastagens introduz ou fortalece os sistemas de produção em muitas propriedades, otimiza o uso de equipamentos e vai ajudar muito na redução de custos.

É uma baita iniciativa, que vai ao encontro de uma máxima: “A paixão move o negócio, mas não é o suficiente”. Precisamos ter custos reduzidos e uma consequente boa remuneração pelo que fizemos. Afinal, nós da pecuária, trabalhamos com um produto nobre.

CR - O que dá para adiantar do 22º Remate da Santa Tereza?

PA - Sempre procuramos realizar um evento que supere o anterior. O certo que ele repetirá o formato de 2020, pois tudo indica que os protocolos sanitários em função da Covid 19 não terão muitas alterações até 5 de outubro.

Podemos, quem sabe, fazê-lo num esquema semi-presencial, mas estamos trabalhando com a realidade. E como no passado deu tudo certo vamos repetir a dose.

Mas queremos que tudo volte ao normal logo e que em 2022 voltemos a fazer o nosso remate tradicional, quando a nossa família recebe os amigos, parceiros e fornecedores para fazer negócios, mas também para confraternizar. 

CR - O que esperar das ofertas deste ano? Serão as mesmas quantidades?  

PA  - Sim. A princípio vão à pista 200 animais Braford e Hereford, sendo 90 reprodutores e 110 fêmeas. 

CR - Mas temos novidade na pista...

PA - Pois é. Este ano decidimos também colocar no remate os Brangus da Estância Madrinha. É um trabalho que já estamos desenvolvendo há 4 anos, em Dom Pedrito. E tenho a convicção de que o nosso projeto de melhoramento genético que estamos fazendo nesses sintéticos serão também bem valorizados.

Trata-se de um material de ponta, controlado pelo Programa Natura Top de índices da raça. Vamos colocar entre 20 e 25 touros, ceipados, todos com certificado individual de produção fornecido pelo Ministério da Agricultura. Quando começamos na Madrinha, fomos em busca de doadoras dos mais respeitados criatórios Brangus. A maioria das matrizes selecionadas vieram da GAP Genética, de Uruguaiana, com quem mantemos uma ótima relação de recíproca confiança. 

CR - Como os clientes poderão acompanhar o 22º Remate? 

PA - Importante que os interessados já busquem fazer o seu cadastro para ganhar tempo. A nossa equipe, tanto da Trajano quanto da Atalaia, já está à disposição dos clientes para informações. Sobre o evento, ele poderá ser acompanhado pela TV, no Canal do Criador, da Sky  e pela Internet, através do site do Lance Rural, do Canal Rural.

Por Alex Soares