Sob forte atmosfera política, Plano Safra 2021-22 é lançado em Brasília
Por Alex Soares
Com a participação do ex-ministro da Agricultura Alysson Paulinelli, desagravo ao ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles e comentários sobre mudança do sistema eleitoral foi lançado nesta terça-feira, em Brasília, o Plano safra 2021-2022.
Na apresentação dos dados, o diretor de financiamento e informação do Mapa, Wilson Araújo Vaz, destacou o fortalecimento do Plano nos últimos sete anos, especialmente a partir de 2019, ano em que o presidente Jair Bolsonaro assumiu a Presidência da República. Em 2018, último ano do governo Michel Temer, o Plano Safra ficou em R$ 194, 4 milhões.
A subvenção total anunciada é da ordem de R$ 251,22 bilhões - R$ 14,9 bilhões (6,3%) a mais do que o Plano anterior. Deste valor, R$ 177,78 bi serão destinados ao custeio e comercialização e R$ 73,4 bilhões serão para investimentos. Essa última modalidade teve um incremento de 29% sobre 2020-2021. Os financiamentos poderão ser contratados de 1º de julho de 2021 a 30 de junho de 2022.
Para a equalização dos juros o Tesouro Nacional vai injetar R$ 13 bilhões. Para os financiamentos de custeio e comercialização os contratos de produtores enquadrados no Pronaf pagarão taxas de entre 3% e 4,5% ao ano, Pronamp (6,5%) e 7,5% para os demais.
Para os contratos de investimento, o patamar mais alto de juros é de 8,5%, ao enquadrados no Programa de Modernização da Frota Moderfrota).
Seguro Rural
A subvenção de R$ 1 bilhão ao seguro rural se manteve praticamente nos meus patamares do ano passado, quando foram liberados R$ 948 milhões. Segundo o governo, com a ajuda é possível a contratação de 158.500 apólices, que podem chegar a R$ 55,4 bilhões segurados.
Para a construção de armazéns nas propriedades, serão destinados R$ 4,12 bilhões, ou seja, R$ 1,9 bilhão a mais do que na safra anterior. Para o financiamento de armazéns, a taxa de juros é de 5% a 7% ao ano.
Recorde
Elogiada pelo presidente Jair Bolsonaro na cerimônia, a ministra da Agricultura Tereza Cristina se mostrou satisfeita com o valor final alcançado, mas anunciou que vai tentar mais, sobretudo para a subvenção ao seguro. “Eu não estou conformada com esse volume, presidente, nós precisamos avançar”, disse ela ao informar que a área agrícola segurada no país dobrou nos últimos anos.
A ministra concluiu o seu discurso estimulando os produtores: “Vamos aproveitar o bom momento e plantar uma grande safra, para chegar até o ano que vem com uma marca histórica de 300 milhões de toneladas de grãos. Vamos quebrar esse recorde”.
Sucessão presidencial
O anúncio do Plano Safra deste ano teve uma forte entonação política. Além das referências feitas por Alysson Paulinelli do governo militar de Ernesto Geisel, no qual foi seu ministro da Agricultura, entre 1974 e 1979, chamou a atenção a forte representação política da plateia.
Ao abrir o seu discurso, o presidente Jair Bolsonaro chamou às cadeiras reservadas a deputada federal Bia Kicis (PSL-DF), autora da PEC -Proposta de Emenda Constitucional – que exige a impressão de cédulas em papel na votação e na apuração de eleições, plebiscitos e referendos no Brasil.
“Se a Câmara e o Senado aprovarem essa PEC e ela for promulgada, nós teremos voto impresso em 2022. A democracia não tem preço, sempre me falaram isso”, disse Bolsonaro se dirigindo ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).
Fotos: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil