“Vêm coisas muito boas pela frente”, diz Tereza Cristina no Conexão Rural
Ao participar do programa Conexão Rural, da Rádio Acústica, neste sábado (29), a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, adiantou que a equipe da pasta que coordena já está em contato com representações de países reforçando a informação da nova condição sanitária animal de algumas regiões do Brasil. O foco são países importadores da proteína e que têm por regra a entrada do produto originário de locais livres da febre aftosa sem a necessidade de vacinação.
(Assista à entrevista abaixo do texto ou clique aqui https://www.youtube.com/watch?v=oyEJwZgSugo)
Desde a última quinta-feira (27), quando a World Organisation for Animal Health (Organização Mundial de Saúde Animal em inglês) reuniu seus delegados em Assembleia Geral, o Rio Grande do Sul é uma dessas regiões. Paraná, Acre, Rondônia e partes do Amazonas e do Mato Grosso são as outras regiões que progrediram o seu status pecuário.
“Essa certificação é a chancela do órgão máximo mundial que regula o setor da qualidade da nossa carne. Isso significa mais saída para o nosso produto, tanto bovino quanto suíno; é uma vitória da pecuária brasileira”, disse a ministra na conversa conduzida pelo jornalista Alex Soares, e que teve a participação do presidente da Farsul, Gedeão Pereira ed o presidente do Fundesa (Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária do RS), Rogério Kerber.
Tereza Cristina também disse que mais importante que a conquista da certificação será a manutenção do novo status. “Nós (o Mapa) estaremos juntos com os estados para oferecer segurança aos produtores”, disse a ministra se referindo ao serviço oficial de vigilância sanitária animal e enaltecendo o suporte oferecido pelo Fundesa no RS em caso de necessidade. A ministra informou que desde 2020 o Mapa trabalha na elaboração de um fundo nacional similar aos dos estados.
Ao responder a um questionamento do presidente do Fundesa sobre a entrada de carne com osso brasileira na China, a ministra falou que o avanço do status vai legitimar novos e históricos pleitos do setor, como o de poder comercializar cortes especiais aos chineses. Ela prometeu empenho para liberar novas habilitações de frigoríficos, os quais trabalham com cortes diferenciados para China. “Com certeza, será um conjunto de coisas boas que vão acontecer em favor da pecuária gaúcha e brasileira no campo comercial”, comentou.
Ela saudou o gaúcho Bernardo Todeschini, adido agrícola do Brasil junto à União Europeia, mantido na Comissão de Normas Sanitárias para os Animais Terrestres pela Assembleia de Delegados da OIE.
Carne de frango
Sobre a decisão da Arábia Saudita de desabilitar, no início deste mês mais 11 plantas frigoríficas de frango, Tereza Cristina falou que a situação já vinha se desenhando há um ano, quando os sauditas anunciaram que haveria uma limitação para 400 mil toneladas por ano de importação da proteína, desabilitando, à época, 10 plantas. “O fato é que eles querem chegar a 80% do seu consumo fornecido pela produção própria de carne de frango”, comentou a ministra, ao dizer que da parte do Brasil as negociações irão continuar, já que o recuo causa um impacto significativo nas exportações. Ela anunciou que projeta, inclusive fazer uma visita às autoridades saudistas, ainda em junho, para tentar reverter o quadro.
Habilitações de plantas
A titular da Agricultura também respondeu a uma questão formulada pelo presidente da Farsul sobre o pedido de novas habilitações de frigoríficos gaúchos para importação de carne de gado pela China - atualmente, somente plantas da Marfrig estão liberadas pelas autoridades asiáticas após as medidas relacionadas ao risco de contaminação de Covid 19 -. Ela disse que conversas estão sendo mantidas entre o Mapa e a Administração Geral de Alfândegas da China (Gacc, na sigla em inglês), mas que que infelizmente os retornos não têm sido positivos. Nas próximas semanas, informou, uma nova rodada de conversas técnicas será promovida, agora com outro componente, que é o da decisão do governo argentino de suspender as exportações de carne. “A gente sabe que a Argentina é um grande exportador de carne e isso pode interferir na relação da demanda chinesa”, completou Cristina.
Safra recorde e foco
A ministra da Agricultura também falou sobre a possibilidade de quebra de recorde da safra brasileira de grãos este ano, apesar de uma quebra esperada na safrinha de milho em alguns estados provocada pela estiagem. Ela lembrou também que todas as informações de compra de insumos que chegam ao Mapa indicam uma ótima safra 2021-22 a ser colhida em setembro.
“O fato é que o mundo está comendo mais e momento comercial é ótimo para todas as commodities produzidas no Brasil. E é bom ressaltar que cumprimos os nossos contratos de exportação sem deixar de suprir o nosso consumo interno”, destacou a ministra ao elogiar os produtores e criadores gaúchos.
Com relação ao Plano Safra 2021-22, o qual está sendo finalizado pelo Ministério da Agricultura em conjunto com o setor fazendário do governo federal, a ministra espera que até a próxima sexta-feira (4) seja aprovado o chamado PLN 4, que é o Projeto de Lei do Congresso Nacional, que recompõe a dotação orçamentária federal, com efeitos diretos nos programas do Mapa. Tereza Cristina calculou que uns cinco dias após essa lei aprovação o Plano Safra poderá ser finalizado.
Provocada para falar sobre como tem repercutido os desdobramentos políticos que envolvem o governo Jair Bolsonaro dentro do Mapa, a ministra se limitou a dizer que mantêm o mesmo foco desde que assumiu a pasta, que é o de auxiliar o quanto puder o agronegócio e atender as demandas dos produtores.
(Redação Conexão Rural)