Como o chimarrão movimenta a economia, gerando emprego e renda
*Por Roberto M. Ferron, engenheiro florestal, instrutor do Senar-RS
Em 24 de abril comemora-se o Dia do Chimarrão, patrimônio cultural imaterial do Estado do Rio Grande do Sul. Milhares de pessoas cultuam a arte sagrada de encilhar o mate, hábito herdado dos tupis-guaranis. Ao sorver a seiva verde vinda da árvore mais completa do planeta (com 192 princípios medicinais e nutracêuticos), e passar a cuia de mão em mão, reforçamos os laços familiares e de amizade, além de fazer girar uma enorme cadeia produtiva.
A erva-mate é uma planta endêmica, que vegeta unicamente no Sul do Brasil e pequenas regiões do Paraguai e da Argentina. Ela é responsável pelo progresso e desenvolvimento de pequenas vilas e povoados. O Paraná, por exemplo, emancipou-se de São Paulo graças ao comércio intenso do produto.
A planta virou moeda corrente e, no lombo das mulas dos tropeiros, espalhou-se pelo Brasil. Ganhou o mundo como “erva milagrosa” dos jesuítas e, hoje, os adeptos passam de 100 milhões de sul-americanos.
Conforme dados de 2018 do Instituto Brasileiro da Erva Mate (Ibramate), o chimarrão movimenta um exército de 180 mil agricultores, que cultivam 77 mil hectares de erva-mate em 486 municípios do sul do Brasil. A produção de 650 mil toneladas de matéria-prima (folhas) gera R$ 520 milhões a 725 empresas ervateiras, garantindo 700 mil postos de trabalho. No Rio Grande do Sul, a cadeia produtiva tem base familiar. São cultivados 30 mil hectares da planta em 13 mil propriedades de 267 municípios. Ao abastecer 230 indústrias, gera 150 mil empregos diretos e indiretos e recursos na ordem de R$ 200 milhões/ano. A produção brasileira é exportada para 40 países: são 35 mil toneladas de erva cancheada, gerando mais de US$ 82 milhões.
Além de proporcionar a bebida símbolo de hospitalidade, a erva-mate é matéria prima para outros produtos, como farinhas, chimias, refrigerantes, cervejas, chope, vodca, cosméticos, remédios e rações. É história e desenvolvimento. Viva a erva-mate. Viva o chimarrão!