ABC+ busca ampliar ajuste entre agropecuária e ambiente

ABC+ busca ampliar ajuste entre agropecuária e ambiente

Faltando dois dias para a Cúpula do Clima, organizada pelos EUA e que reunirá dezenas de lideranças mundiais – entre as quais o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro -, o Ministério da Agricultura lançou as bases conceituais do Plano Setorial de Adaptação e Baixa Emissão de Carbono na Agropecuária, chamado ABC+.

Em formato virtual, a cerimônia desta terça-feira (20) foi conduzida pela ministra Tereza Cristina (Agricultura) e pelo ministro Marcos Pontes (Ciência, Tecnologia e Inovação).

Com vigência até 2030, o ABC+ é a atualização do Plano ABC, executado de 2010 a 2020. O objetivo é avançar nas soluções tecnológicas sustentáveis para a produção no campo e a melhoria da renda do produtor rural, com foco no enfrentamento da agropecuária às mudanças do clima.

“Estamos lançando hoje as bases para que, como potência agroambiental, sigamos aliando segurança alimentar e nutricional à conservação ambiental”, disse a ministra, ao explicar que essa dupla contribuição precisa ser reconhecida pelos parceiros internacionais. Ela destacou que Brasil é responsável por apenas 3% das emissões de gases de efeito estufa no mundo.

O ABC + foi elaborado após ampla consulta a técnicos, pesquisadores, consultores e outros parceiros. O trabalho foi iniciado em julho de 2020 sob a liderança da Coordenação-Geral de Mudanças do Clima (CGMC) do Departamento de Produção Sustentável (Depros) do Mapa.

“Uma das ações do plano diretor da Embrapa é ampliar, até 2025, em 10 milhões de hectares as áreas com Integração-Lavoura-Pecuária-Floresta no país”, observou o presidente da Embrapa, Celso Moretti, ao salientar que com as tecnologias do ABC o país desenvolveu a carne carbono neutro e já estão em andamento protocolos para a produção de bezerro carbono neutro, couro carbono neutro e leite baixo carbono. ressaltou.

As bases conceituais recomendam que nas áreas de uso agrícola o ABC+ tem objetivo de promover a recuperação e conservação da qualidade do solo, da água e da biodiversidade, valorizando as especificidades locais e culturas regionais, expandindo o conjunto de iniciativas do Mapa para a promoção da produção agropecuária sustentável.

A outra ponta conceitual tem por meta combinar as ações de adaptação e mitigação para fortalecer a resiliência da produção e garantir a eficiência produtiva e a rentabilidade em áreas mais impactadas pela mudança do clima.

A política de atuação prevê ainda apoiar os gestores públicos na formulação de planos de ação estaduais, alinhados às características, capacidade técnica e perfil produtivo de cada região. Também fomentar junto às organizações da sociedade civil, instituições financeiras e de pesquisa, ações conjuntas, buscando maior produtividade, renda e resiliência, além de menor emissão de gases de efeito estufa, no setor agropecuário.

Em dez anos, as práticas agrícolas com baixa emissão de carbono passaram a ser adotadas em 52 milhões de hectares no país, o que corresponde a 1,5 vezes o tamanho da Alemanha. 

Estados

Nesta nova fase, haverá o reforço do diálogo com os estados, considerados fundamentais para a adoção e manutenção das tecnologias e sistemas preconizados pelo ABC+. A ideia é apoiar a criação de grupos gestores estaduais para que formulem planos de ação condizentes com as características técnicas, ambientais e operacionais de cada região.

Consulta pública

Em julho, será realizada uma consulta pública, quando a sociedade civil poderá contribuir para as metas a serem atingidas pelo ABC+ até 2030.

Com metas e ações bem definidas, o ABC+ estabelecerá estratégias novas e revigoradas em todo o território brasileiro. Com objetivo de alavancar a inovação tecnológica de base científica para produção de alimentos com sustentabilidade, o ABC+ visa fortalecer a transformação territorial positiva, da qual o Brasil é líder, priorizando o bom uso dos recursos naturais.

“O grande desafio é agir como um instrumento indutor local de sustentabilidade, expandindo o conjunto de iniciativas do Mapa para a promoção de uma produção agropecuária nacional mais adaptada e resiliente”, finaliza a diretora do Departamento de Produção Sustentável e Irrigação (Depros), Mariane Crespolini dos Santos.

(Fonte: Mapa)