COLUNA 26/10/2020 - SE A SOJA É A JOIA DA COROA, O ARROZ É O TESOURO VEGETAL DOMÉSTICO

COLUNA 26/10/2020 - SE A SOJA É A JOIA DA COROA, O ARROZ É O TESOURO VEGETAL DOMÉSTICO

A imagem de um popular reclamando ao presidente da República, Jair Bolsonaro do preço alto do arroz ganhou as manchetes deste domingo. Em resposta, Bolsonaro disse aquilo que vem falando: que não haverá tabelamento de preços.

O ríspido e rápido diálogo, ocorrido na famosa Feira do Cruzeiro, em Brasília, pode ser lido como mais um gesto provocativo de um cidadão opositor ou descontente, seguido de uma forte reação de um presidente que não tem muita paciência com os seus críticos. Mas para ajudar a não alimentar os estereótipos que a politização constrói de vítimas e monstros, contextualizemos.  

Os preços de alguns alimentos subiram no Brasil não porque o governo quer ou não. Aumentaram porque muitos brasileiros, por temor dos desdobramentos da pandemia, compraram além do normal, se exportou mais e, algumas indústrias e certos atacadistas, cresceram o olho.

No caso do arroz, inclusive, ele foi o primeiro a ter as taxas de importação derrubadas pelo governo, para que não houvesse qualquer risco de desabastecimento. O mesmo ocorreu depois com as tarifas do milho e da soja.

É uma pena que uma pandemia viesse para que fosse percebido o real valor de algumas produções. E nem estou me referindo aos preços somente. Falo sobre o papel delas na dieta dos brasileiros. E se a soja é a nossa joia da coroa das exportações, o arroz, se confirma, é o tesouro vegetal que alimenta todas as classes sociais deste país, sendo que para os mais pobres ele é indispensável.

Entre as muitas lições que essa pandemia deixa, está a da vital e insubstituível relevância de algumas sagradas atividades. E a produção de alimentos é a principal delas. Comer continua sendo a necessidade de consumo mais essencial do homem. Mas antes de uma porção de arroz ser servida ou de um quilo de guisado ser embalado, tem muito trabalho acontecendo.

O homem de Brasília que reivindicou ao presidente a redução do preço do arroz provavelmente não tem a menor ideia de como seja sua produção e não imagina quantos produtores quebraram, estão endividados ou deixaram as suas atividades por que por anos seguidos venderam o que colheram a preços abaixo do que investiram para produzir.

"Essa valorização trará justiça na remuneração e a significância social-econômica-política do agronegócio fará quem produz ser mais respeitado"

Esses preços que estão sendo praticados talvez não se mantenham nos mesmos patamares quando voltar o normal, mas algo é certo: eles não voltam a ser o que eram. E será também um novo tempo das relações governos e produção. Essa valorização trará justiça na remuneração e a significância social-econômica-política do agronegócio fará quem produz ser mais respeitado e atendido com mais celeridade nas suas necessidades.