Não foi

Não foi "a China" que acusou a contaminação no frango

Coluna sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Ouça - https://soundcloud.com/onexoural/contaminacao-do-frango-equilibrio-e-o-remedio-contra-especulacoes-insustentaveis

Frase do dia

“Não há a necessidade de se exagerar no assunto

(Qu Yuhui, ministro-conselheiro da Embaixada da China no Brasil, colocando a polêmica desta quinta-feira no seu lugar).  

 

 

Repercussão desproporcional  

Assim que emergiu a informação de que “autoridades chinesas” tinham anunciado que um “lote” de peças de frango importado do Brasil estaria “contaminado” com resíduos de coronavírus, o bochincho foi geral. Enquanto a China se preparava para dormir, autoridades, lideranças e técnicos do setor da proteína animal no Brasil se desdobravam, na manhã desta quinta-feira,  para entender o ocorrido. A informação era da Reuters, uma das mais respeitadas agências de notícias do mundo. E assim foi todo o dia, encerrado com uma nota do Ministério da Agricultura dizendo que “(...) até o momento o Brasil não tinha sido notificado oficialmente pelas autoridades chinesas”.

Âmbito municipal

Não foi nenhuma grande autoridade sanitária ou governamental chinesa, ou mesmo um chefe alfandegário, que acusou a contaminação. Foi uma autoridade municipal quem fez isso. Portanto, não foi “a China”, como alardearam muitas manchetes. Esse funcionário é da Prefeitura de Shenzhen, sudeste da China. É uma cidade moderna e tem a mesma população do Rio Grande do Sul, mas é apenas mais uma cidade chinesa.

Nada oficial

Fez bem a ministra da Agricultura, Tereza Cristina em não se pronunciar oficialmente sobre o assunto, o que deve ocorrer em breve. Mas como nada de oficial havia chegado das autoridades similares chinesas, o assunto até então estava restrito a especulações. Se tivesse que alguém se pronunciar seriam as entidades representativas do setor avícola, o Frigorífico Aurora ou o prefeito de Chapecó, Luciano Buligon.

Sem impacto

Mais importante do que a fala da epidemiologista Maria van Kerkhove, da OMS, que informou serem pequenas as chances de contaminação em embalagens ou alimentos, foi a reação da própria Embaixada da China no Brasil, que se apressou em afirmar que “o fato não terá impacto no nosso comércio“. Qu Yuhui, conselheiro da Embaixada, disse “não haver necessidade de se exagerar no assunto e que o lado chinês vai tentar descobrir onde houve problema”.

Negócio gigante

China e Hong Kong representam 57% das exportações brasileiras de carne bovina, 46% de carne suína e 15% das exportações da carne de frango. No primeiro semestre deste ano, já foram embarcadas 2,11 milhões de toneladas de frango brasileiro. Em receita, isso corresponde a US$ 3,14 bilhões. A maior parte disso é absorvida pela China.

Sem chances

Não precisa ser nenhum infectologista formado em Warvard para chegar a óbvia conclusão que nem mesmo o mais poderoso dos vírus sobreviveria a uma viagem de quase dois meses entre os portos de Itajaí e o de Shenzhen.

Teorias

Qualquer movimento fora da curva que parta da China vira polêmica e teorias conspiratórias ganham força. O senso comum de que os chineses promovem tais ações para barganhar preço não se sustenta. Se quisessem mesmo isso, agiriam com métodos bem mais estudados e seus efeitos seriam mais devastadores comercialmente.    

 

 

Setor reage ao pacote

A Farsul levantou a lebre e a reação contra o “pacote de bondades” do governador Eduardo Leite ganhou corpo. Nesta quinta, a federação e mais 13 entidades ligadas ao agro gaúcho assinaram carta se posicionando contrariamente aos pontos da reforma tributária que, se aprovados pela Assembleia Legislativa, irão aumentar o custo da produção. Algo em torno de R$ 1 bilhão somente no primeiro ano.

Leia a carta na íntregra:

https://www.farsul.org.br/files/ef35f45d62d323d4866d4db0acea1f8a/midia_document/20200813/reforma.pdf

  

 

 

Podcast Conexão Rural/ sexta-feira, 14 de agosto de 2020