Trigo: tudo conspira para um ano ideal
Terça-feira, 11 de agosto de 2020
Frase do dia
“O milho brasileiro vem ganhando espaço na comunidade internacional nos últimos anos graças à ampla oferta que produzimos, bem como pela excelente qualidade do nosso grão.”
(Cesario Ramalho da Silva, presidente eleito da Abramilho)
Produções de trigo do PR e do RS deverão ter recordes
Nunca na história recente deste país os produtores de trigo estiveram tão exultantes. Esse tem tudo para ser o melhor dos últimos anos em termos de produtividade, produção e preços, superando, inclusive o de 2014, quando se fez história, numa colheita que ultrapassou as 7 milhões de toneladas. Maiores produtores brasileiros, o Paraná e o Rio Grande do Sul podem colher juntos o equivalente a 6,8 milhões de toneladas. Ajudarão também a diminuir a necessidade de importação as 500 mil T. do Cerrado e as 300 mil T. de São Paulo.
“Não se surpreendam”
Clima favorável e a aposta em bons preços fizeram a área de trigo no RS ser ampliada em pelo menos 200 mil hectares nos últimos dois anos. Otimismo que fez o resiliente Hamiltom Jardim, que preside nacionalmente a Câmara Setorial de Culturas de Inverno, dizer, na semana passada, num webinar da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), que a expectativa é que a produção gaúcha ultrapasse os 930 mil hectares. “Não se surpreendam se o Rio Grande do Sul entregar para o mercado mais de 3 milhões de toneladas”, afirmou Jardim, produtor em Palmeira das Missões.
Paraná
Já no Paraná a euforia é ainda mais justificada, já que em 2019, a geada frustrou a safra, que não passou das 2,1 milhões de T. Há preocupação com a falta de chuva em algumas regiões produtoras, mas a meteorologia prevê chuvas antes e durante a colheita.
Importações
Mesmo assim, a produção continua longe de atender a demanda dos moinhos brasileiros, cuja necessidade anual tem oscilado entre as 12 e 13 milhões de toneladas. O restante é compensado pelo trigo de fora, principalmente o argentino, que em 2020 contabilizará uma colheita de 20 milhões de T. Na reunião da Abitrigo, também foram anunciadas a recuperação da produção australiana e a forte possibilidade da importação pelo Brasil do trigo da Lituânia, em 2021.
Melhora de preços
Em relação aos preços, somente com a entrada do produto paranaense, entre final de agosto e início de setembro, é que vai se ter uma ideia melhor sobre o ano comercial. Mas a valorização é boa, ao menos na arrancada. Com cerca de 15% da safra já negociada, os produtores deste estado receberam R$ 60 por saca, um melhora de 25% sobre o que foi verificado em 2019.
Futuro
Sobre o futuro da produção nacional do trigo, o IBGE fez, no passado, uma projeção para os próximos dez anos. O estudo fala em tímido incremento, com um buraco de 7 milhões de toneladas ainda, entre demanda e fornecimento. Quem sabe as coisas não começam a mudar esse ano?
Manejo do trigo
Um Webinar, promovido pela Secretaria Estadual da Agricultura e pela Emater/RS-Ascar, debateu o manejo do trigo, nesta segunda-feira. Cem pessoas acompanharam o encontro técnico, que teve a participação do coordenador da Câmara Setorial do Trigo, Tarcísio Minetto, do presidente da Emater-RS, Geraldo Sandri e do coordenador das Câmaras Setoriais e Temáticas da Seapdr, Paulo Lipp.
Aliado (ou não)
Um dos temas discutidos foi a incidência da giberela, doença foliar que, volta e meia, proporciona dor de cabeça aos produtores do cereal. Em seu painel, o fitopatologista Paulo Roberto Kuhnem Junior explicou o conjunto de fatores que levam à doenças e que no Rio Grande do Sul, tais fatores tendem a variar mais ainda a cada safra. O clima é o principal deles, favorecendo ou não os patógenos da cultura. Além da giberela da espiga, o trigo ainda sofre com a mancha amarela da folha e e o oídio (fungo).
Mudança na Abramilho
O produtor Cesario Ramalho da Silva é o novo presidente de uma das associações de produtores mais respeitadas do Brasil - a Associação Brasileira dos Produtores de Milho. Cesário, que já ocupava uma das vice-presidências da entidade, comanda a associação até 2022, substituindo a Sérgio Bortolozzo. Nada muda, no entanto, na presidência-executiva da entidade, que permanece sendo respondida pelo ex-ministro da Agricultura, Alysson Paolinelli.
Experiente
Cesario, que tem suas atividades rurais em Mato Grosso do Sul. já é veterano em grupos representativos do agro, tendo sido presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), da Agrishow, Global Forum Agribusiness, Federação das Associações Rurais do Mercosul (Farm), Aliança Internacional do Milho (Maizall) e da Câmara Setorial do Milho do Mapa.
Biotecnologia
Ele assume o cargo num momento de uma crescente demanda por milho. Além de ser matéria-prima básica para indústria alimentícia e principal insumo da agroindústria de carnes, o milho também passou a ser demandando para fabricação de etanol. Para se adequar ao novo cenário, o dirigente acredita na expansão da biotecnologia nas lavouras como item-chave para redução permanente dos custos de produção, assim como para o aumento da produtividade.
Rápidas
Mormo - Cavalo testou positivo para mormo em Tocantins. É o sexto caso da doença no estado este ano.
Ajuda - Os 4 mil kg de arroz anunciados pelo presidente Bolsonaro a serem doados ao Líbano sairão dos estoques oficiais. Ficarão ainda pouco mais de 20 mil T.
Política - O convite de Bolsonaro ao seu antecessor Michel Temer para acompanhar as entregas em Beirute é carregada de simbologias. Uma delas: o governo Bolsonaro está amadurecendo politicamente.
Vice - Tereza Cristina vice de Bolsonaro? Blog da jornalista Denise Rothenburg, do Correio Braziliense anunciou. A escolha da ministra seria uma forma de dobrar o DEM.