Coluna 27 de julho - Tudo que a reforma tributária gaúcha não precisa é de heróis de ocasião
Coluna CR-Alex Soares - segunda-feira, 27 de julho de 2020
Frase do dia
“Alguns meios de comunicação, leia-se Rede Globo, têm o interesse claro de derrubar o presidente da República”.
(Luis Carlos Heinze, senador gaúcho do Progressistas, em entrevista ao programa Conexão Rural)
Ruído crescente
A presidente da Federasul, Simone Leite, que vem personificando a justa indignação de boa parte dos empreendedores gaúchos que não suportam mais o abre e fecha dos seus estabelecimentos por conta dos critérios de distanciamento adotados no RS, protagonizou uma nova rota de atrito com o governador Eduardo Leite (PSDB). Dessa vez, o motivo da discórdia é a reforma tributária que o governo estadual prepara para enviar à Assembleia Legislativa.
Algoz e vítima?
No fim de semana, circulou direto no whats e nas redes sociais manifestações de indignação a uma reação que teria sido "truculenta" de Leite a uma insinuação da dirigente de que a reforma tributária pretendida significaria maior tributação aos gaúchos. Foi durante um tele seminário da Assembleia Legislativa. A maioria das mensagens, acompanhada do vídeo da resposta do governador e de um áudio com a resposta de Simone a uma jornalista, colocavam ela na condição de vítima de uma resposta supostamente machista.
Mistura
Eis um exemplo bem definido de como essa reforma tributária estadual gaúcha, tão solicitada, tão aguardada, para simplificar esse doido sistema de alíquotas aplicado no RS, não deve ser tratada. Ânimos exaltados podem e, se continuarem, irão prejudicar um debate que deve ser propositivo, arejado e maduro. Para o bem dos avanços não é hora de conceitos antecipados, acusações recíprocas e torcida inflamada. O palanque dever ser postergado para 2022.
Pretensões
O método Leite de governar pode e até deve ser contestado. E nos espaços do Conexão, isso tem sido feito sempre que necessário, assim como também os exageros devem ser observados. O que o governador fez foi dar uma resposta política a uma acusação, a qual ele nega. Simone Leite não é cristã nova em se tratando de política. Foi candidata ao senado em 2014 pelo então PP. Em 2018, apoiou o marido Rodrigo Sousa numa eleição à Câmara dos Deputados. Em 2022 deverá estar mais uma vez envolvida com eleições. Como candidata a governadora, quem sabe?
Diálogo
As entidades e grupos gaúchos que não concordarem com esse ou aquele item da reforma tributária estadual podem pegar o modelo de encaminhamento adotado pelo setor rural. Desde que tomou conhecimento dos detalhes das mudanças pretendidas, a Federação da Agricultura do RS apontou falhas e nelas começou a trabalhar para repará-las. Na semana passada, a Farsul apresentou essas discordâncias ao governo. Com fundamentação técnica dos impactos e sem passionalidades. E é muito provável que o governo, convencido dos equívocos, delete esses pontos da reforma.
Custos
A Farsul trabalha para derrubar a retirada de 10% dos benefícios dados às empresas de insumos, que caso mantida, irá significar reflexo nos custos da produção. E também para não se ampliar a taxação sobre as operações de transferência de patrimônio.
Distorções
“A reforma tributária não aumenta nem diminui a carga de impostos, o que faz isso é uma reforma administrativa”. A afirmação foi do economista-chefe da Farsul, Antônio da Luz, no programa Conexão Rural do último sábado. Da Luz defendeu que as reformas das tributações federal e estadual são mais do que necessárias para organizar um sistema complexo de cobrança, que gera distorções de toda ordem e em todos os setores. “Não pode alguém do RS pagar mais imposto por algo produzido no próprio RS e 12% produzido em outro estado”, ponderou Antônio.
Novo comando
O Banco do Brasil terá novo presidente já em agosto. O atual, Rubem Novaes, está demissionário desde a semana passada, quando informou a decisão ao chefe Paulo Guedes. Oficialmente, Novaes, diz que é hora de a gestão do BB se modernizar e que a sua contribuição foi dada. Na vida real, pesou suas sucessivas contrariedades a ordens que vinham do prédio da Economia.
Nova orientação
Seguidor da cartilha de Olavo de Carvalho, Novaes não teria se adequado à nova postura pretendida pelo governo Bolsonaro, que por necessidade, ficou mais refratária ao conflito.
Afilhados
Hélio Magalhães, que preside o Conselho de Administração do BB, Pedro Guimarães, presidente da CEF são os preferidos do ministro Guedes para assumir o cargo de Novaes, que não tem ainda data certa para sair.
Rápidas
Feedback - Grande retorno teve o primeiro comentário do mestre Odacir Klein no programa Conexão Rural. A estreia foi sábado.
Indefinição - Associação dos Criadores de Normando do Brasil ainda estuda a participação da raça na Exposição de Esteio, em setembro.
Lembrança ruim - Em 2019, quando viajava para Esteio, um caminhão que trazia animais tombou e matou diversas matrizes Normanda.
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Fotos: Felipe Dalla Valle/ Palácio Piratini e divulgação