Bancos que condicionarem crédito rural à compra de produtos serão denunciados e punidos
Quarta-feira, 15 de Julho de 2020
Por Alex Soares
Frase do dia
“O problema é que um financiamento que prevê juros de 6%, 7%, 8%, com o custo desses penduricalhos embutidos, acabam extrapolando os 12%, 16% até 18%”
(Anderson Belloli, presidente da Federação das Associações dos Arrozeiros do RS, a Federarroz, condenando a chamada venda casada promovida pelos bancos.
Penduricalhos com os dias contados
Atendendo a uma orientação oficial, que visa coibir uma manjada prática das instituições bancárias, a Federarroz está criando um canal para os produtores denunciarem os abusos. É uma ofensiva contra a venda casada de consórcio, seguro de vida, título de capitalização, plano de previdência e outros tantos produtos que os funcionários dos bancos adoram colocar goela abaixo dos produtores que estão na expectativa da liberação do seu crédito rural.
O combate à prática tem o importante reforço da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, que chama de “ilegalidade” o uso do valor subvencionado pelo governo para venda de produtos bancários. “Uma coisa é você comprar título de capitalização, um seguro. Outra coisa é tomar recursos que o poder público equaliza para diminuir os juros dos créditos para essa venda casada”, disse a ministra no lançamento do Plano Safra deste ano. No final de 2019, ela e o então titular do Ministério da Justiça e da Segurança Pública Sérgio Moro, assinaram convênio para monitorar e encaminhar informações da ilegalidade aos órgãos reguladores oficiais do sistema bancário.
Comprovada que a venda foi sob essas condições, os bancos serão alvo de processo administrativo e podem ser multados. Da mesma forma os funcionários podem ter que responder a processo nas área civil e criminal.
Aqueles que quiserem denunciar podem enviar email para ouvidoria@federarroz.com.br. E como dizia aquela chamada do programa Linha Direta: A sua identidade será mantida mo mais absoluto sigilo.
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Venda-supresa
A venda de 1, 7 milhão de toneladas de milho e 29 mil toneladas de soja (20/21) dos EUA para a China, confirmada nesta terça-feira pelo USDA, mexeu com os aguapés do mercado. Surpreendeu, sobretudo, a compra de milho, que foi maior volume diário embarcado deste produto em duas décadas e meia.
Acordo
A China é o segundo maior produtor de milho do mundo, mas costuma importar 5 milhões de t/ano. Ao menos antes da peste suína eram essas as quantidades. Há quem aposte que a super compra tem a ver com a parte da China no cumprimento da fase 1 do acordo comercial fechado entre os dois países, no ano passado. Para o Brasil, essa transação de milho pouco influencia, dizem os operadores de mercado, “mas é bom ficar de olho nas transações envolvendo a soja”.
Zoneamento
Foram publicadas no Diário Oficial da União desta terça-feira (14) as portarias 166 a 182 com o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) ano-safra 2020/2021, para o cultivo do milho 1ª safra de 17 estados, incluindo os três do sul.
O Zarc tem o objetivo de reduzir riscos e oferecer ao produtor a informação da melhor época para plantar, de acordo com a região e o solo.
Campeões de produtividade
A 13ª edição do Fórum do Comitê Estratégico Soja Brasil (CESB) premiou os campeões de produtividade no Brasil do último ciclo. Neste ano, foram 5.204 inscrições. O campeão deste ano é Laércio Dalla Vechia, da Fazenda Santa Terezinha, de Mangueirinha (PR). Ele colheu 118,82 sacas por hectare. A solenidade do anúncio dos vencedores teve a transmissão do Canal Rural.
Lucros maiores
Dalla Vechia planta 250 hectares, onde aplica o sistema direto de plantio, trabalha com rotação de culturas, e investe em manejo e monitoramento. Segundo a comissão de avaliação do certame, enquanto cada produtor da Região Sul teve um retorno médio de R$ 1,50 a cada real investido na lavoura, o campeão chegou a R$ 2,80.
Em 2019 o grande vencedor foi o produtor Maurício De Bortoli, de Cruz Alta (RS) com 123, 88 sacas por hectare.
Os vencedores regionais
Sudeste/ Antônio Oliveira Neto/Patrocínio (MG)
Centro-Oeste/Elton Zanella, Campos de Júlio (MT)
Norte e Nordeste/Condomínio Milla/Baixa Grande do Ribeiro (PI)
Soja irrigada Sul/ Eliseu José Schaedler/Boa Vista das Missões (RS)
Soja não irrigada Sul/ Fábio Eckert/Tapes (RS)
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Novo prazo
A Secretaria da Agricultura publicou no Diário Oficial do Estado resolução que prorroga o prazo do Agregar Carnes RS até 31 de agosto. Até lá, 95 estabelecimentos que estão no programa poderão utilizar os créditos concedidos por meio do desconto realizado sobre o ICMS.
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Mais embarques
A média diária das exportações de carne bovina brasileira cresceu 19% em relação aos dados da primeira semana de julho.
A média diária dos embarques brasileiros de carne bovina in natura saiu de 5,90 mil toneladas na primeira semana de julho para 7,02 mil toneladas na segunda semana do mês, um aumento de 19%.
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Melhores do mundo
Quinhentos especialistas do mundo do vinho escolheram a Vinícola Zuccardi Valle de Uco, de Mendoza, Argentina, como sendo a melhor do mundo de 2020. Já a Vinícola Garzón, do Uruguai, foi a segunda mais votada.
Esse ranking premia a qualidade do enoturismo de mais de 1.500 vinícolas do mundo. Sommeliers e correspondentes de viagens de luxo avaliam além dos vinhos, a gastronomia, passeio e a reputação do estabelecimento. Não há vinícolas brasileiras entre as dez mais votadas.
Top 10
1. Vinícola Zuccardi (Argentina).
2. Vinícola Garzón (Uruguai).
3. Domäne Wachau (Áustria).
4. Vinícola Montes (Chile).
5. Robert Mondavi (Estados Unidos).
6. Vinícolas dos herdeiros dos Marqués de Riscal (Espanha).
7. Château Smith Haut Lafitte (França).
8. Quinta do Crasto (Portugal).
9. Antinori nel Chianti Classico (Itália).
10. Vinícola VIK (Chile).
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Banana
O Ministério da Agricultura incluiu a banana em projeto-piloto para estimular a contratação de seguro rural. O benefício, inédito para a cultura, vale para os produtores enquadrados no Pronaf.