A meia verdade da normalização do rebanho suíno chinês
Coluna de terça-feira, 14 de Julho de 2020
Ouça no site:
http://conexaoruralrs.com.br/audios.php
e no Spotifay
Frase do dia
“Estamos fazendo isto em retribuição, por podermos trabalhar e assim manter os 300 mil empregos que a cadeia produtiva do cavalo crioulo gera”
(Francisco Fleck, presidente da ABCCC, ao comentar a ação solidária dos crioulistas, que arrecadou R$ 300 mil para compra de cestas básicas, cobertores e EPIs destinados a Esteio e região.
A agência de notícias estatal chinesa Xingua informou nesta segunda-feira que os produtores locais estão investindo forte na reconstituição dos seus rebanhos suínos. A nota fala em “rápida recomposição de estoques”, o que possibilitaria “um maior equilíbrio da oferta doméstica a partir do quarto trimestre deste ano”.
As informações são acompanhadas por declarações do diretor da agência de cuidados animais do ministério de Agricultura chinês, Yang Zhenhai. Ele afirma que os estoques de matrizes, que caíram quase pela metade em 2018, por causa de surtos de peste suína africana, teriam crescido 21% em todo o país desde janeiro deste ano.
Como a notícia foi gerada pelo comprador é preciso cautela para processá-la. A coluna ouviu o presidente da Associação dos Criadores de Suínos do RS (Acsurs), Valdecir Folador. Sempre bem informado sobre os movimentos do setor, o dirigente disse à coluna que a informação procede, mas em parte.
Não é para tanto
É fato, segundo Folador, que a China está importando matrizes da Europa em bons volumes para refazer o seu plantel. E também é verdade que os produtores estão modernizando as instalações dos seus criatórios, mas dai a dizer que haverá normalização da oferta daqui a 3 meses é exagero.
Queda brusca
Para reforçar a previsão de que a realidade mais lógica é a normalização da produção suína chinesa entre 2022 e 2023, Folador compara a quantidade produtiva de 2018, quando começaram os surtos da peste, com a de agora. Eram 54 milhões de toneladas contra 34 mil t atuais.
Novos surtos
Além deste prazo estabelecido pelas autoridades rurais chinesas ser inexequível em condições normais, vira fantasia quando novos surtos da peste teimam em surgir em diferentes províncias chinesas. Além destas ocorrências que já vinham acontecendo, desde meados de junho, dezenas de surtos foram registrados, após enchentes que castigaram o sul do país, especialmente a região de Guangxi, onde é forte a atividade do setor.
Destino certo
Enquanto os suinocultores chineses tentam se reerguer, o Brasil e outros países vão suprindo a demanda. Somente o Rio Grande do Sul exportou 50% a mais de carne suína neste primeiro semestre de 2020 sobre o mesmo período de 2019. Já as exportações brasileiras dessa proteína nos primeiros seis meses do ano, 54% do volume tiveram como destino a China e 14% Hong Kong.
Milhão
Tomando por base a média de 80 a 90 mil t./ mês de exportações neste primeiro semestre de 2020, Folador prevê a outra segunda metade do ano também espetacular para a suinocultura nacional, que pode chegar a inédita marca de 1 milhão de t. comercializadas com o exterior.
______
Mudança de hábito
Pesquisa realizada pela revista Hortifruti Brasil, do Cepea/USP, mostra que 68% dos produtores de frutas e de hortaliças de diferentes regiões do Brasil registraram prejuízos parciais ou totais com a pandemia. Esse é um dos poucos nichos do agro nacional que tiveram perdas mais expressivas com a crise.
Longe do normal
O problema maior foi verificado entre março e maio, período em que começou o isolamento das populações dos centros urbanos maiores. Em junho, com a retomada gradual das atividades econômicas, o consumo de frutas e hortaliças reagiu. Mas lógico que a normalidade ainda é algo distante.
Exportações
As exportações da fruta nacional também caíram - em volume (5%) e receita (13%), no primeiro semestre de 2020 em relação ao mesmo período de 2019. Essa informação é da CNA (Confederação Nacional da Agropecuária), a partir de levantamento feito entre 6 e 10 de julho.
Sem transporte
A restrição dos voos neste período pandêmico foi o principal motivo para a queda das vendas de frutas para o exterior, já que o modal aéreo é o principal meio utilizado para transportar esses produtos.
Agricultura familiar & Supermercados
A Associação Catarinense de Supermercados (Acats) e Epagri, do governo estadual de SC estão lançando uma campanha para estimular a demanda de consumo de produtos da agricultura familiar catarinense. A partir de uma pesquisa feita em dez regiões do estado, a Epagri aproximou produtores das redes supermercadistas.
Vantagens
A presidente da Epagri, Edilene Steinwandter, chama a atenção para os aspectos vantajosos que possuem a iniciativa. A agregação de valor à atividade do campo e a facilitação da logística dos supermercados são alguns deles.
Prorrogação
Por causa da pandemia o Diário Oficial do RS desta segunda-feira (13) publicou que o dia 31 de outubro é o novo prazo para a entrega da declaração anual dos rebanhos. O formulário a ser preenchido está disponível no site da Secretaria Estadual da Agricultura e pode ser enviado após o preenchimento aos endereços eletrônicos das inspetorias veterinárias do Estado.
Por Alex Soares