Os gringos não “arrinconaram” Mourão
Coluna de sexta-feira, 10 de Julho de 2020
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e no Spotifay
Alex Soares
Frase do dia
"Aos poucos, né (...), nós vamos arrinconando esses que cometem irregularidades, até que a gente chegue a um nível de desmatamento aceitável”
(vice-presidente Hamilton Mourão, explicando que haverá jogo duro na mata. “Arrinconar é embretar).
Investidores gostaram do que ouviram
Firme sem ser desrespeitosa, rápida sem ser vazia e esclarecedora sem ser maçante. Assim foi a resposta do vice-presidente da República, Hamilton Mourão e de ministros aos fundos de investimentos estrangeiros sobre a situação da Amazônia. Com a experiência de quem domina o tema - e a região, por ter vivido nela - Mourão, em inglês, reconheceu problemas, falou das soluções que foram dadas e que estão em curso para diminuir a exploração criminal da floresta.
Não era com aventureiros que Mourão estava lidando, e ele sabia disso. O grupo de interlocutores defendia na videoconferência o interesse de 29 grandes fundos de investimentos, cujo capital somado chega a estupendos R$ 20 trilhões. Fazia um mês que esse pessoal tinha enviado carta conjunta às principais embaixadas do Brasil no mundo, como a dos EUA, Japão, França e de outros países.
No documento, mostravam preocupação com as incertezas relacionadas as políticas de meio ambiente no Brasil e insinuaram a possibilidade de os europeus pararem de injetar dinheio por aqui. No fim do ano passado, sinais já tinham sido dados, quando os governos da Alemanha e da Noruega cortaram os envios de recursos para o fundo da Amazônia.
Duas horas após a videoconferência, os fundos Nordea Asset Management e o SEB Investment Management, da Suécia, divulgaram notas classificando as conversas como positivas, pois "houve o reconhecimento do problema e a consciência da necessidade de combater o desmatamento por parte do governo brasileiro".
Habilidade
O general, que coordena o Conselho da Amazônia, teve o cuidado de dividir com o governo Bolsonaro o protagonismo das negociações. Ao seu lado, a ministra Tereza Cristina, que sabe bem o que pode significar para o agronegócio o abandono do capital privado de países ricos. Na tele-audiência, a titular da Agricultura tratou de separar o que é desenvolvimento da agropecuária e a questão amazônica. Foi clara ao explicar os efeitos não nocivos ao ambiente da Medida Provisória 910, que caducou e se transformou no PL 2.633, que agiliza a regularização fundiária, que tramita no Congresso.
Time
Também com Mourão, os ministros Walter Souza Braga Netto (Casa Civil), Ernesto Araújo (Relações Exteriores), Fábio Faria (Comunicação), e Roberto Campos Neto (Banco Central).
Queimadas
O outro ministro que esteve com Mourão foi o do meio Ambiente, Ricardo Salles. Visivelmente fragilizado e alvo de um grupo do MPF que quer sua cabeça por "desmonte das ações ambientais", Salles foi objetivo: disse que está sendo concluído um decreto para assinatura do presidente Jair Bolsonaro, que suspende a autorização do uso de fogo para qualquer fim, na Amazônia por 120 dias. Ele informou ainda que a proibição será total na Amazônia e no Pantanal.
Confiança
Na entrevista coletiva após a audiência, indagado sobre o gesto do MPF, Salles desconversou. Mourão também não entrou em detalhes, mas aos repórteres levantou a moral do ministro: "Salles é um ministro do presidente Bolsonaro, que confia nele".
Confusão de atribuição
Salles pode ter até sido infeliz pelo que falou naquela polêmica reunião ministerial de abril e ter dado alguma mancada aqui e ali, mas o Ministério Público Federal exagerou em pedir a sua exoneração. Isso é decisão de governo, cabendo ao presidente da República admitir ou demitir auxiliares.
Reações naturais
Esse tem sido, aliás, um dos méritos de Salles na pasta: achar um ponto de equilíbrio entre a preservação dos recursos naturais e o respeito às atividades produtivas. Contra ele, porém, um ranço ideológico histórico se manifestou.
Ofensiva
Mesmo sabendo que lida com fogo amigo - leia-se grupos brasileiros que por motivações variadas detonam a imagem do país lá fora - o governo precisa dar respostas mais contundentes sobre suas ações na área ambiental. Ontem foi um exemplo do que deve ser feito para começar a restabelecer as verdades.
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Seguro Rural
O Ministério da Agricultura divulgou o resultado das indenizações do Seguro Rural pagas em 2019. Das 95 mil apólices contratadas com o apoio do governo, 9 mil foram pagas, totalizando R$ 341 milhões. Somente para as lavouras de segunda safra do milho, 2.639 apólices foram indenizadas por causa da seca em R$ 102 milhões.
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Desafio da soja
O Fórum Nacional de Máxima Produtividade da Soja, organizado pelo Comitê Estratégico Soja Brasil (CESB) irá premiar, no próximo dia 14, os agricultores com as melhores produtividades da última safra. O atual campeão é o gaúcho Maurício De Bortoli, de Cruz Alta, que teve um rendimento de 123,88 sacas por hectare.
On line
A 12ª edição do Desafio recebeu mais de 5 mil inscrições para concorrer as duas divisões da premiação - soja irrigada e de sequeiro. A programação será transmitida ao vivo pelo Canal Rural, a partir das 8h20 do dia 14.
Aprosoja debate Bioinsumos
A Aprosoja Brasil promove nesta sexta-feira, das 8h às 10h, o painel “Sojicultura Nacional e os Bioinsumos: novas oportunidades para o setor”. O debate faz parte da programação da Agrobrasília 2020, neste ano em formato digital em virtude da pandemia.
Para assistir, acesse http://www.digital.agrobrasilia.com.br .