O volume e a eficiência precisam se encontrar na pecuária

O volume e a eficiência precisam se encontrar na pecuária

A remuneração dos criadores da pecuária de corte foi bem em 2025, com os preços se recuperando, mas poderia ser melhor caso a valorização dos grãos, e especialmente a do arroz, fosse melhor.  

Essa é uma das convicções do professor da Ufrgs e coordenador do Nespro, Júlio Barcellos apresentadas no programa Conexão Rural do último sábado. Ele também viu como positivo as boas médias alcançadas nas feiras de primavera aqui no Estado, o que sinaliza um 2026 promissor para quem opera a pecuária.

Para Barcellos o preço do quilo vivo do boi gordo, que fecha o ano com R$ 11,15 médios, poderia estar acima da casa dos R$ 12,00 não fosse os produtores terem que fazer caixa por causa da baixa da agricultura, aumentando assim a oferta de animais no mercado e o abate de matrizes. E isso é um problema.  

“A conscientização sobre a necessidade de retenção de fêmeas, aliás, deveria ser tratada como política pública para em momentos como esse não a estrutura da cadeia produtiva não ser abalada”, disse o professor, que defende também um tratamento menos isolado para essa ou aquela atividade, sob o risco de não se achar a melhor solução durante as crises.

Outro sinalizador de um horizonte promissor para os criadores, segundo o professor, é que em 2025 começou a se estabelecer negócios via contratos futuros, o que premia aqueles gestores mais organizados, garantindo a previsibilidade, maior controle de custos e um fluxo de caixa mais consistente.

Outro ponto abordado nessa proveitosa entrevista com o professor Barcellos é a posição recém-conquistada pelo Brasil como o maior produtor de carne bovina do mundo. Cauteloso, o especialista disse que isso deve ser valorizado, mas que ultrapassamos a menor pecuária americana dos últimos 70 anos.

“É como ganhar um campeonato como o time adversário jogando com reservas”

Para o professor, mais importante do que o volume são os índices de produtividade que temos a obrigação de alcançar.  “Se acrescentássemos pelo menos mais 30 quilos a esses 270 quilos médios das carcaças abatidas chegaríamos a 15 milhões de toneladas de produção. Ai sim, vamos olhar pelo retrovisor e não iremos mais enxergar os americanos”, previu.  

O professor concluiu: “E quando falamos em aumento de eficiência estamos nos referindo também a diminuição de custos fixos de abate, já que terminar carcaça com 270 quilos sai mais caro do que com 300 quilos”.