Safra de inverno: diferença gritante entre desejo e realidade

A redução da área plantada com as culturas de inverno é um sinal inequívoco das dificuldades pelas quais passam os produtores gaúchos. No segundo boletim de estimativa de safra da Emater deste ano, divulgado na última sexta-feira da semana passada (17), a área do trigo é de 1,1 milhão de hectare, um encolhimento de 15% em relação ao semeado em 2024.
Há também uma diferença de 10% para menos entre o que os produtores anunciaram plantar de trigo, no primeiro boletim de junho, e o que realmente foi semeado. A expressão “querer não é poder” entra como uma luva, infelizmente.
Além das dificuldades de acesso ao crédito e ao seguro rural - e aqui se registre que apenas 50% da área de trigo do Rio Grande do Sul é financiada e 40% segurada, de acordo com a Emater – o endividamento, os preços baixos, a conjuntura desfavorável de mercado e a preocupação com o clima formam a lista de razões para o desestímulo em plantar mais trigo, o qual o Brasil importa a metade do que consome.
"As notícias boas dessa safra de inverno é que o tempo tem ajudado e a boa produção compensará essa área menor de trigo, se mantendo na casa dos 3,7 milhões de toneladas, ligeiramente acima do patamar do ano passado"
Outra questão positiva vem dos campos de canola, com uma produção 40% superior ao colhido na safra passada.
A expectativa agora é sobre o quanto essa diferença entre intenção versus plantio real se aplicará à safra de verão, já que as dificuldades e conjunturas que se apresentam não são diferentes das da semeadura de inverno.
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A coluna diária de Alex Soares é reproduzida também em áudio para os programas Primeira Hora e Redação Acústica (Rádio Acústica FM), Bom Dia Cidade e Boa Tarde Cidade (Rádio Tchê São Gabriel) e Jornal da Manhã (Tchê Alegrete). Ouça abaixo