O que os americanos rejeitam a China arremata

As máximas “Não quer tem quem quer” e “tudo se ajeita” estão sendo usadas por alguns setores produtivos exportadores do Brasil no pós-tarifaço do governo norte-americano. É o caso da carne bovina.
Em setembro, a venda das nossas carnes para a China fechou em US$ 1,1 bilhão, alta de 75,5% sobre o mesmo mês de 2024. Já para os EUA a carne bovina fresca, resfriada ou congelada exportada pelo Brasil caiu de 8,9% para 2,4% na comparação dos dois períodos. As compras americanas fecharam setembro em US$ 42,2 milhões.
Ou seja, o que os Estados deixaram de comprar a China arrematou. A constatação é da Secretaria de Comércio Exterior, do Ministério do Desenvolvimento da Indústria, Comércio e Serviços.
A China é o maior importador da nossa carne. Em 2024 os asiáticos absorveram 51.3% das vendas brasileiras para fora, com os Estados Unidos em segundo, adquirindo 8,1 %. E a julgar pelo acumulado de janeiro até setembro deste ano, 2025 deverá fechar com recorde de venda da carne brasileira à China.
O México é o terceiro maior comprador e com a sobretaxa as vendas também aceleraram, fechando um volume duas vezes superior em setembro deste ano sobre setembro do ano passado, com um valor de US$ 73, 4 milhões.
"As exportações gerais brasileiras de carne totalizaram US$ 1,8 bilhão em setembro para todo mundo, alta de 55,6% sobre o setembro passado"
Assim como aqui se sente a perda de receitas, a decisão do presidente Trump faz também os americanos notarem a falta ou a alta dos preços. É o caso do café, largamente consumido pelos americanos de Whashington a Califórnia. Mais raro, mais caro, e isso foi citado pelo próprio Trump na conversa com o colega Lula na última segunda-feira.
Mais que uma química repentina, a mudança de postura de Trump com o Brasil tem sim a ver com humor dos eleitores, rejeição ao seu nome, política interna, cujas eleições legislativas se aproximam. E elas são sempre cruciais para a rivalidade e o destino de republicanos e democratas.
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A coluna diária de Alex Soares é reproduzida também em áudio para os programas Primeira Hora e Redação Acústica (Rádio Acústica FM), Bom Dia Cidade e Boa Tarde Cidade (Rádio Tchê São Gabriel) e Jornal da Manhã (Tchê Alegrete). Ouça abaixo