Menor consumo de arroz e feijão é mais do que um problema comercial

Menor consumo de arroz e feijão é mais do que um problema comercial

Os brasileiros estão comendo menos arroz e feijão. O arroz, cujo consumo nas décadas de 1960-70 era de 40kg por habitante/ano, chegando a 47kg na década de 1990, baixou em 2024 até a preocupante marca de 34.6 kg/percaptos. O consumo de feijão, que em 1960-70 era de 22,6 kg por pessoa/ano caiu para 13,5 kg em 2024.

E a queda continua em 2025, com o primeiro semestre registrando queda em relação ao mesmo período do ano passado de 4,7% no arroz e 4,2% no feijão. Os dados são da Embrapa e da Scanntech, plataforma especializada em geração de dados para o varejo e indústria.

Mas por que esses produtos, tão identificados com a mesa brasileira, estão são menos consumidos? A primeira explicação levantada pelos promotores dos levantamentos e  por especialistas de mercado está nos hábitos urbanos atuais e no novo formato das famílias; e uma coisa tem a ver com a outra. 

As numerosas famílias de 50 anos atrás, que precisavam de uma nutrição eficiente a um custo baixo, minguaram. Com menos gente em casa e mais correria fora dela preparar uma panela de arroz ou cozinhar um quilo de feijão pode não valer tanto à pena.

A oferta e a facilidade de adquirir mais alimentos na rua e o acesso da população a outros produtos são fatores que contribuem com essa redução. E tem também o tentador delivery, que facilita a vida de quem não quer ou não gosta de cozinhar, e o jogo de azar, com muitos deixando de se alimentar para apostar. Sim, até o Tigrinho dá uma forcinha. 

"Concorrentes é o que não faltam para afastar da mesa nacional a dupla arroz-feijão, a qual os médicos e nutricionistas nunca deixam de exaltar como perfeitamente saudável"

A diminuição do consumo desses alimentos, baratos e base da dieta não são problema apenas de que produz ou comercializa, é uma questão de saúde e economia pública.

Falta, agora, uma pesquisa para indicar o quanto o erário público despende todo ano para tratar das doenças provocadas pela troca de um saboroso prato de arroz com feijão por alimentos processados, menos saudáveis e mais caros.

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A coluna diária de Alex Soares é reproduzida também em áudio para os programas Primeira Hora e Redação Acústica (Rádio Acústica FM), Bom Dia Cidade e Boa Tarde Cidade (Rádio Tchê São Gabriel) e Jornal da Manhã (Tchê Alegrete). Ouça abaixo

 

 

Comentário Alex Soares 06 de outubro de 2025