Novo capítulo para o impasse da soja americana

Novo capítulo para o impasse da soja americana

Se a vida do sojicultor brasileiro não tem sido fácil, imaginem a do seu  colega argentino, que há muitos anos sofre com toda a natureza de dificuldade para produzir e uma super tributação para exportar. Agora, quando o governo de Javier Milei decidiu aliviar as chamadas retenciones, cujo objetivo é manter o nível das arrecadações derivadas da soja, do milho e da carne, os concorrentes norte-americanos reagiram, alegando deslealdade e ingratidão.

Em carta enviada ao secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, a secretária de Agricultura dos EUA, Brooke Rollins (foto abaixo), classificou a situação como “desafortunada”, numa crítica direta à decisão argentina de reduzir as tarifas de exportação de grãos para vender soja mais barata aos chineses. A insatisfação é potencializada porque está em curso uma ajuda de US$ 20 bilhões do governo Trump para socorrer a sempre complicada economia argentina.

O problema é que os produtores americanos culpam e pressionam o seu governo a fazer alguma coisa para aliviar a sua oferta interna de soja, que em geral é vendida em grande quantidade neste último trimestre do ano aos chineses, que por sua vez decidiram suspender as suas compras nos portos americanos como forma de resposta às tarifas de exportação impostas a eles.  

Pressionado pelos produtores, seus leais apoiadores, Donald Trump postou nesta quarta-feira (2) que se reunirá em no máximo quatro semanas com o presidente chinês Xi Jinping e que uma das principais pautas será a retomada do comércio da soja entre os dois países.

"O anúncio de Trump fez a soja, que vinha operando em baixa há muito tempo, dar uma guinada na bolsa de Chicago, com a valorização dos contratos futuros, com pequena margem, é verdade, mas o suficiente para trazer alento a quem negocia"

E o Brasil, onde entra nisso, o que ganha e o que perde com isso? Muita soja saiu dos portos brasileiros desde que a China fechou a torneira das compras da soja americana, em maio.

E mesmo que os chineses venham a importar maiores quantidades dos americanos e que a soja argentina volte a encarecer pela volta das retenciones, o produto brasileiro continua sendo o mais estável em termos de oferta e preços, o que gera segurança aos sempre vorazes compradores chineses.

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A coluna diária de Alex Soares é reproduzida também em áudio para os programas Primeira Hora e Redação Acústica (Rádio Acústica FM), Bom Dia Cidade e Boa Tarde Cidade (Rádio Tchê São Gabriel) e Jornal da Manhã (Tchê Alegrete). Ouça abaixo

Comentário Alex Soares 02 de setembro de 2025