A amarga escolha de ter que reduzir a produção num país exportador

A Harven Business School, escola referência do agronegócio brasileiro, localizada em Ribeirão Preto (SP), acaba de atualizar a participação do Brasil nas exportações mundiais do agronegócio. As informações colocam o país como o maior exportador em nove segmentos.
No suco de laranja, 74% das exportações do mundo saem do Brasil; na soja a participação é de 59%; 56% no açúcar e 36% na carne de frango. Na carne bovina, café e fumo, o Brasil exporta 31% do que o mundo compra, 29% na celulose e 28% no algodão. Fora essas nove cadeias campeãs, o Brasil tem 24% de participação no milho; 23% no etanol e 15% na carne suína.
Cruzando dados, a Harven projeta que até o final dessa década o Brasil tenha condições de ampliar significativamente essa participação nas vendas para o Exterior de proteína animal, chegando a 40% na carne de frango, 30% na bovina e 20% na suína, o que vai reforçar a consolidação do país como principal fornecedor de alimentos do mundo.
"Na parte de baixo do ranking estão o trigo, com 1%, justificável já que o consumo brasileiro depende das importações, e o arroz, também com apenas 1% das exportações sendo brasileiras"
Essa baixa participação é proporcional ao lugar do Brasil na fila da produção mundial a qual tem uma Índia colhendo 150 milhões de toneladas à cada safra, mais de dez vezes o que produz o Brasil. O problema é que se exporta muito pouco em relação à própria produção – sempre abaixo dos 10%.
Nem sempre as comodities com mercados sólidos navegam em mar calmo, mas mesmo com os reveses isso protege a cadeia dos excedentes, dando a equilíbrio aos preços.
E quando a falta essa válvula, que se associa a outros fatores o remédio é reduzir a produção, o que é um retrocesso num mundo em que muitas populações passam fome ou comem mal. E essa é justamente a atual realidade do arroz gaúcho e brasileiro.
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A coluna diária de Alex Soares é reproduzida também em áudio para os programas Primeira Hora e Redação Acústica (Rádio Acústica FM), Bom Dia Cidade e Boa Tarde Cidade (Rádio Tchê São Gabriel) e Jornal da Manhã (Tchê Alegrete). Ouça abaixo