A rede bancária ainda não recebeu o aval para começar a operar as linhas de crédito das dívidas rurais. E isso não deverá ocorrer essa semana e a previsão mais otimista recomenda que isso aconteça somente a partir do dia 15 de outubro.

A informação partiu do próprio BNDES, na última sexta-feira (26) aos bancos credenciados que vão negociar com os produtores. A justificativa é meramente burocrática. Para o BNDES liberar os R$ 12 bilhões, precisa da lista oficial dos municípios a serem atendidos e das regras de registros das novas operações a serem divulgadas pelo Banco Central.

Os representantes dos bancos dizem que está tudo muito confuso ainda, pois a Medida Provisória que oficializou o crédito não diz, por exemplo, se será linha de custeio, de investimento ou de comercialização. O se haverá ou não a incidência de IOF nas operações.

Na ponta final a preocupação é com a demora, mas também com a insuficiência dos recursos. Outra inquietude é sobre o custo deste dinheiro. Nas operações com juros controlados está definido que serão aplicados 6% para pequenos, 8% para os médios e 10% para os grandes.

"Já nas linhas com juros livres, com prazos mais longos de até 9 anos, a taxa Selic aplicada e mais o spread da linha pública de crédito, esse custo pode chegar a 18%. E isso, convenhamos, é impraticável para quem pretende se reestruturar" 

A título de comparação, a União pagará esse ano R$ 158 bilhões para o programa bolsa família, um dinheiro, que todos sabem, é a fundo perdido. Já produção gaúcha, que solicitou R$ 27 bi emprestado para poder plantar – dinheiro a ser reembolsado com juros -, levará, depois de muita imploração e embromação, menos da metade disso.

Pela lógica  governamental custear o populismo tem mais retorno do que investir no crescimento. E isso ajuda a explicar o longo período em que a locomotiva Brasil está estacionada economicamente. E o pior, sem o menor sinal de avançar.

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A coluna diária de Alex Soares é reproduzida também em áudio para os programas Primeira Hora e Redação Acústica (Rádio Acústica FM), Bom Dia Cidade e Boa Tarde Cidade (Rádio Tchê São Gabriel) e Jornal da Manhã (Tchê Alegrete). Ouça abaixo