Quando os governos irão olhar para as culturas de inverno?

Pode se dizer que as culturas de inverno que começam a ser colhidas no Rio Grande do Sul estão num bom nível de satisfação, tanto de produção quanto de produtividade, mas poderia ser melhor.
No trigo os números da área plantada divergem. Enquanto a Conab cravou 1 milhão e 200 mil hectares, com uma produção de 3,5 milhões de toneladas, a Farsul trabalha com 1 milhão e 50 mil ha e uma produção de 3,3 milhões de T.
Em escala menor, mas com demanda e produção crescentes nos últimos três anos, a canola plantada em 203, 2 mil ha, deverá alcançar uma safra de 325, 9 mil T., um crescimento acima de 50% em relação ao ano passado.
Sobre o trigo, sua conjuntura atual se assemelha a do arroz, a começar pela oferta excedente do mercado internacional que reduz, aqui, os preços para níveis menores do que o custo de produção. A saca de 60 kg está sendo comercializada entre R$ 60,00 e R$ 63, contra um custo de R$ 78,71.
Além da oferta demasiada do mercado mundial, que trabalha com um estoque de 810 milhões de toneladas para essa virada de ano, pesa também contra quem produz o cereal a falta de políticas públicas que os estimulem a plantar mais.
"E estamos falando aqui duma cultura a qual não somos autossuficientes. O Brasil importou no ano passado 6, 6 milhões de toneladas das 13 milhões que consumiu"
Se os governos, no plural mesmo, pois trata-se de todos quem têm passado por Brasília, continuarem a não promover a produção em maior escala de um alimento básico da cesta cuja metade do consumo vem de fora, imaginem com o restante da produção.
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A coluna diária de Alex Soares é reproduzida também em áudio para os programas Primeira Hora e Redação Acústica (Rádio Acústica FM), Bom Dia Cidade e Boa Tarde Cidade (Rádio Tchê São Gabriel) e Jornal da Manhã (Tchê Alegrete). Ouça abaixo