Leite: entre a ambição e os erros de cálculo

Leite: entre a ambição e os erros de cálculo

Dos dez nomes colocados pela pesquisa Genial/Quest para disputar um hipotético segundo turno em 2026 com Lula, o de Eduardo Leite (PSD) é o menos competitivo. Pela Quest, Lula amassaria o político pelotense fazendo 45% dos votos contra apenas 26%. O mais competitivo do levantamento é o sempre desatinado Ciro Gomes, do PDT, que faria 33% contra 40% de Lula.

Faltando um ano para as eleições, pesquisas como a da Quest servem para medir o poder de fogo dos postulantes e, apesar daquilo que possa acontecer, dificilmente a opinião pública muda radicalmente de conceitos sobre esse ou aquele nome. Por exemplo, se confirmar sua candidatura, e isso deverá acontecer, o presidente Lula irá para o segundo turno. Com quem e se irá ganhar são outros quinhentos.

Sobre Leite, ele trabalhou forte para se viabilizar nacionalmente, mas as coisas não aconteceram como o desejado. Com uma carreira pública meteórica, impulsionada por apelos que fugiram do padrão, o vereador que se tornou prefeito e depois governador tentou se colocar como o terceiro caminho para a rochosa rodovia da rivalidade nacional.

Se administrativamente Leite tem muito a apresentar de positivo, politicamente tem deixado a desejar na mesma proporção. E o seu maior pecado talvez esteja na forma como as suas convicções foram entendidas.

"Leite foi dúbio, ora se aproximando do PT, ora mostrando afinidades com o bolsonarismo, ora rejeitando ambos"

E em épocas de fortes contrastes, do bem contra o mal e da obrigatoriedade de ter um lado, surfar nos dois mares conforme a formação das ondas não é um bom negócio. Na política, certos gestos não se apagam.  

Uma das atitudes que traduzem bem essas ambiguidades se deu no ano passado, quando Leite abriu voto em favor de Fernando Marroni (PT), que disputava a eleição à prefeitura de Pelotas contra Marciano Perondi (PL). Os bolsonaristas nunca o perdoaram e, por mais que tenha se esforçado para auxiliar o agronegócio na sua gestão, foi vaiado na última Expointer.

Já o PT esqueceu por completo o apoio e um ano depois, nos seus programas partidários de rádio e TV e em todas as manifestações dos seus próceres, descabam-lhe a lenha.

O problema de Eduardo Leite é que a sua habilidade e sua ambição têm sérias dificuldades em se comunicar com os cálculos.

O bolero romântico do carioca Anísio Silva sempre é atual: "Quem tudo quer nada tem". 

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A coluna diária de Alex Soares é reproduzida também em áudio para os programas Primeira Hora e Redação Acústica (Rádio Acústica FM), Bom Dia Cidade e Boa Tarde Cidade (Rádio Tchê São Gabriel) e Jornal da Manhã (Tchê Alegrete). Ouça abaixo

Comentário Alex Soares (23 de Setembro)