Palco de vulgaridades

É uma pena a política brasileira ter sido entregue ao populismo, ao debate raso e ao corporativismo. Se perde energia e um precioso tempo discutindo demandas isoladas de grupos ou de personagens que estão longe de representar o real coletivo
Não há ninguém hoje que se assemelhe a um Ulisses Guimarães, a um Tancredo Neves, Leonel Brizola, Pedro Simon, o próprio Fernando Henrique Cardoso ou a um Antônio Carlos Magalhães. José Sarney deixou saudades? Quem diria? A questão é que o processo se vulgarizou muito. Ao invés das inteligentes e sagazes articulações, os desvarios. No lugar do debate de nível, a gritaria insana.
O projeto aprovado pela Câmara dos Deputados, nesta terça-feira (16), não chega a chocar porque se trata de mais um triste ato de um roteiro que vem sendo escrito nas últimas duas décadas. A corrupção escancarada dos anos 2000 deixou uma perigosa herança para as décadas seguintes.
"E nesta praça conflagrada, oportunistas foram sendo guindados a heróis, enquanto bandidos foram indultados"
Ungidos pelos mesmos tribunos que antes os condenara, agem cinicamente para que a intolerância continue a prosperar.
Hora de avançar de casa em 2026? Talvez, mas a carruagem não dá sinais de mudar de direção e por algum tempo ainda vamos focar menos no Brasil. E até essa onda passar, iremos ainda testemunhar muitos episódios deprimentes produzidos neste sanatório circense que se transformou a política brasileira.
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A coluna diária de Alex Soares é reproduzida também em áudio para os programas Primeira Hora e Redação Acústica (Rádio Acústica FM), Bom Dia Cidade e Boa Tarde Cidade (Rádio Tchê São Gabriel) e Jornal da Manhã (Tchê Alegrete). Ouça abaixo