Falta confiança nos leilões de arroz da Conab

Um total de 540 toneladas de arroz foi negociado nesta quinta-feira (21), na primeira rodada do leilão da Conab da modalidade contratos de opção. Esse volume é pequeno, apenas 0,5% do que foi colocado à disposição pela Companhia Nacional de Abastecimento. Foram 20 contratos de 27 toneladas cada.
Nesta sexta-feira ocorre nova rodada e a expectativa é de que haja uma ampliação de fechamentos. Esses leilões são exclusivos para compra do arroz produzido em solos gaúchos e catarinenses.
A recomendação da Federação das Associações dos Arrozeiros do Rio Grande do Sul é para os produtores aderirem aos contratos, num momento de pressão baixista dos preços. A ideia é dar uma enxugada no mercado, tirando um pouco desse excedente, que ajudou a fazer o arroz cair quase à metade de valor entre julho de 2024 a julho de 2025.
Se todos os contratos de opção ofertados pela Conab forem preenchidos serão 110 mil toneladas retiradas do mercado, mas dificilmente isso vai acontecer. Uma porque o prazo entre o lançamento do edital e os leilões foi curto. Mas o principal problema mesmo são os preços fixados, muito próximos do que o mercado está praticando. Os R$ 73,95 oferecidos nos contratos para entrega do produto em setembro está abaixo do custo de produção.
Além de não haver qualquer garantia de que os preços irão reagir até o vencimento dos contratos, existe também um outro ponto que dificulta uma maior adesão. Esse arroz que será entregue não tem como destino imediato o consumo final, indo sim para os armazéns do governo. E isso significa estoque maior. E quem garante que em 2026 esse mesmo excedente comprado não seja usado como moeda eleitoral por um governo que já deu mostras de incompreensão com a cadeia comercial do arroz?
Falta confiança na efetividade do mecanismo, falta confiança sobre as intenções.
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A coluna diária de Alex Soares é reproduzida também em áudio para os programas Primeira Hora e Redação Acústica (Rádio Acústica FM), Bom Dia Cidade e Boa Tarde Cidade (Rádio Tchê São Gabriel) e Jornal da Manhã (Tchê Alegrete). Ouça abaixo