Como era esperado, mais cedo ou mais tarde, os produtores de soja norte-americanos iriam se rebelar contra a política comercial do presidente Donald Trump, que torna o seu produto menos competitivo para exportar.

A ASA (Soybean Association), entidade de prestígio que reúne os produtores do cinturão agrícola dos EUA, enviou carta ao governo Trump pedindo a remoção das tarifas e o compromisso de negociar futuras vendas de soja com os chineses.  

A reação veio após a China fechar uma compra de 8 milhões de toneladas com o Brasil para entrega em setembro. Esse foi um movimento inesperado, já que é um mês estratégico para os produtores americanos escoarem suas safras. Trata-se de um rompimento de uma prática comercial de décadas.

O alerta já tinha sido acionado em julho, quando o Brasil tinha negociado 10 milhões de toneladas com os asiáticos, num crescimento de 14% sobre o mês anterior, enquanto a soja americana encolhera 11,5% seus embarques.  

Na carta a Trump, assinada pelo presidente da ASA, Caleb Ragland, os produtores de soja do Kentucky apontam:

“Os produtores de soja dos EUA estão à beira de um precipício comercial e financeiro; os produtores de soja estão sob extremo estresse financeirome não podem sobreviver a uma disputa comercial prolongada com nosso maior cliente”.

Eles querem a queda imediata da tarifa chinesa que fez a soja americana ficar 20% mais cara do que a brasileira. A sobre- taxa chinesa é um contraponto à tarifação imposta pelo governo Trump aos seus produtos que entram na américa.

Ao fazer essa compra se soja brasileira, fora da curva, a China manda alguns recados. Um deles é que pode trocar de parceiros estratégicos de acordo com o tratamento recebido. O outro é bem simples: quem oferecer menor preço e tiver boa oferta de volumes leva vantagem.

O Brasil, que tem nada a ver com briga deles, vai continuar colocando mais soja nos portos chineses. O problema é que isso também gera dependência. E é preciso se preparar também para quando tudo voltar o normal.

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A coluna diária de Alex Soares é reproduzida também em áudio para os programas Primeira Hora e Redação Acústica (Rádio Acústica FM), Bom Dia Cidade e Boa Tarde Cidade (Rádio Tchê São Gabriel) e Jornal da Manhã (Tchê Alegrete). Ouça abaixo