Seca e exportações elevam remuneração pecuária desde setembro
Os preços do boi gordo reagiram bem em setembro, revertendo de certa forma as perdas do primeiro semestre, quando o abate recorde no país, 21% maior que no ano anterior, derrubou o valor da arroba do boi para a casa dos R$ 215.
Pelo cálculo do Cepea, setembro acumulou alta de 14,4%, fechando em R$ 274,35. E em outubro, o indicador já teve alta de 7,24%. Levantamentos privados também apontam na mesma direção. Segundo a Scot Consultoria, a arroba a prazo encerrou setembro negociada, em média, a R$ 277 no interior de São Paulo.
Já a Safras & Mercado detectou negócios na casa dos R$ 300 a arroba atualmente. A opinião é unânime sobre as razões: reflexo da forte seca que atingiu o país este ano, reduzindo a disponibilidade de pastagens e elevando o custo de produção.
Existem regiões de produção que ficaram com mais de 100 dias sem chuva, o que reduziu demais a oferta de animais criados em sistema extensivo. A normalização do quadro só deve acontecer em 2025.Até lá, o mercado deve ser abastecido por animais terminados em confinamento, cujo custo é alto.
No estado de maior rebanho do país, o Mato Grosso, foram abatidas 647 mil cabeças em setembro, segundo o Instituto de Defesa Agropecuária (Indea). Os machos terminados em confinamento foram a principal origem dessas terminações.
A participação de fêmeas caiu no período, atingindo o menor patamar do ano, com 37,22% do total de gado abatido. O movimento indica o início do processo de retenção de fêmeas por parte dos produtores e uma potencial virada do ciclo pecuário a partir do próximo ano segundo aqueles que acompanham o mercado.
Apesar da alta, a perspectiva para o consumo é positiva. A projeção da consultoria Athenagro é de um recorde de 34,6 quilos por habitante em 2024 quando considerado apenas o mercado formal — 5,3 quilos a mais do que o registrado em 2023.
A demanda externa também ajuda para este viés de alta. Entre janeiro e setembro, o Brasil exportou 2,1 milhões de toneladas, 28,3% mais que no mesmo período de 2023. Esses dados são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), compilados pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec).
(Fonte: Valor Econômico)