“Nós vamos virar esse jogo”, diz presidente da criticada CEEE Equatorial em Camaquã

“Nós vamos virar esse jogo”, diz presidente da criticada CEEE Equatorial em Camaquã

Por Alex Soares/CR

Uma audiência coletiva entre consumidores de Camaquã e a cúpula da CEEE Equatorial do Rio Grande do Sul serviu como palco de desabafos, justificativas e compromissos assumidos (veja o video abaixo).

A reunião, realizada à noite no Sindicato Rural de Camaquã, reuniu um público formado em sua maioria por produtores prejudicados pela demora do atendimento da concessionária às suas demandas, sobretudo às relacionadas ao reestabelecimento dos serviços após os temporais.

“Não pode um arrozeiro perder R$ 100 mil porque seu silo não tem energia ou um fumicultor perder R$ 30 mil porque sua estufa está também sem luz”, disse o deputado estadual Marcus Vinicius de Almeida (PP), que articulou a reunião.

Para ele, a empresa começa a errar quando não nomeia um representante local para se comunicar com as comunidades que atende. “O consumidor não sabe a quem recorrer, é tudo muito distante e isso dificulta mais ainda as coisas", disse o parlamentar ao se referir à complexidade do processo de atendimento da companhia.

Além da falta de uma comunicação mais eficiente entre prestador e  usuários o atendimento da empresa terceirizada a campo e nas ruas foi outro ponto duramente criticado pelos participantes da reunião. Pelos relatos ficou clara a necessidade de desburocratizar o modo de atendimento das equipes para religação das redes.

“O problema não são as equipes pesadas (as que fazem o trabalho de instakalao e reparação das redes), mas sim as técnico-comerciais (que dão o primeiro atendimento, fazendo o levantamento das necessidades)”, disse o empresário João Vicente Justo, que foi terceirizado da CEEE estatal. Justo também sugeriu a implantação das linhas 12 e 18 de abastecimento às comunidades das localidades de Pacheca (Camaquã) e de Santa Rita (Arambaré). Segundo ele as instalações dessas linhas resolveriam boa parte do problema de sobrecarga verificado em ambos os municípios.

O produtor de arroz e de soja Celso Bartz também se manifestou: “Antes nós ligávamos pra CEEE, eles autorizavam a religação e o problema em seguida estava resolvido; tudo mudou e a Clara não sabe sequer onde é a minha propriedade”, observou Bartz se referindo a assistente virtual da Equatorial.

Mudanças

Ao responder aos participantes no final da audiência, o presidente da companhia para o RS, Riberto Barbanera citou os investimentos feitos pela empresa desde que ela assumiu o serviço, admitiu falhas e se comprometeu em buscar soluções. Eletricitário de carreira, o paulista Babanera já passou por companhias grades de fornecimento de energia em São Paulo e Goiás. No comando da empresa no Estado desde setembro, ele relatou que desde a sua chegada houve mudanças, como por exemplo, a adoção de uma forma diferente de a empresa se comunicar com seus clientes. “As pessoas precisam saber quem somos; nós somos uma empresa privada, mas prestamos um serviço público”, comentou.

Contudo, o presidente disse que foi equivoca a postura da empresa de “criar uma expectativa muito positiva”, logo que assumiu o controle CEEE. “Nós estávamos pegando uma empresa deficitária, com uma dívida de quase R$ 5 bilhões e precisando de muitos investimentos, e isso iria demorar um pouco”, disse.

O executivo também associou a expressiva demanda atual de serviços aos eventos climáticos que nos últimos atingiram o Estado. “Tivemos ventos de 140 km horários, com 500 postes caídos e isso não pouca coisa”, informou ele ao citar que 500 equipes foram para rua para restabelecer o fornecimento da energia.  

A audiência também teve a participação dos vereadores camaquenses Vitor Azambuja e Ronaldo Ulguim, do presidente do Sindicato Rural de Camaquã, Paulo Griebeler, dos superintendes comercial e regional da CEEE Equatorial, Sérgio Oliveira e Marcelo Pazoti, respectivamente.