Os números traduzem o retrocesso da indústria de transformação do Brasil
A indústria de transformação no Brasil – o subsetor que transforma a matéria-prima em produto final - ou que será modificado por outra indústria – patina há tempos. Teve seu auge na participação do PIB nacional na década de 1980, caiu, voltou a crescer em 2010 e, nestes últimos anos dez anos, estacionou na casa dos 11%.
Há 50 anos o Brasil produzia o equivalente a mais da metade da produção norte americana. Em 2022 produziu 20%. Nosso padrão de produtividade industrial caiu demais e uma das razões da queda é a falta de renovação do setor.
Levantamento da Fiesp divulgado nesta segunda-feira (2) mostra que o investimento no setor é bem abaixo do necessário. Em 2022, 12,9% do total de investimentos no Brasil foram na indústria. Em 2007 tinham sido 21%. Seriam necessários ao menos 2,7% do PIB nacional anual para recuperar a depreciação dos ativos. Só para recuperar.
Nesta segunda-feira (2) saíram os números da balança comercial. Entre janeiro e setembro, o Brasil vendeu US$ 10 bilhões a mais do que todo 2022. É o melhor resultado da história, mas eles renovam o pisca-alerta da indústria. De tudo aquilo que vendemos para fora, a metade é de produtos em estado bruto.
A agropecuária saiu duma participação de 11,5% das exportações em 2010 para 25.1%, agora. No mesmo período, a exportações gerais industriais caíram de 66,% para 52,2%.
Para ajudar a recuperar a indústria nacional, o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin anunciou, em 2022, um plano denominado "NeoIndustralização", espécie de plano safra da indústria, para renovação de máquinas, equipamentos e infraestrutura. Mas nada saiu do papel.
Nessas últimas décadas, municípios e regiões inteiras deslancharam no Brasil sem necessariamente terem uma atividade industrial forte.
Imaginem se tivessem?