Languiru: sinal verde para Bayer negociar com os chineses

Languiru: sinal verde para Bayer negociar com os chineses

Em Assembleia Geral Ordinária ocorrida nesta quinta-feira (30), 750 associados da Cooperativa Languiru, de Teutônia, aprovaram a continuidade das negociações para venda de ativos a dois grupos chineses.

Eles são o ITG Tianjiao e TJJT, interessados nas operações de suínos, bovinos de corte, aves e fábrica de rações. Na próxima semana, essas empresas já deverão enviar representantes às unidades da Languiru para realizar inspeções e avaliações.

“Os associados são donos da Cooperativa. A decisão tomada  é a alternativa para que a Languiru consiga superar esse momento de extrema dificuldade”, disse o presidente Dirceu Bayer, que viu também as contas do exercício de 2022 aprovadas e o seu salário, também por deliberação da maioria, ser reduzido em 50%

A negociação com o grupo chinês, se efetivada, prevê a constituição de uma nova empresa com a participação da Languiru e do parceiro. Os percentuais de participação dependerão da avaliação a ser realizada.

No relatório da gestão apresentado na assembleia, consta que o resultado líquido foi negativo no ano passado, apesar de o faturamento bruto ter sido maior do que o exercício anterior - R$ 2,7 bilhões.

Entre os fatores da crise, de acordo com a diretoria, estão, por exemplo o custo financeiro com as operações, inclusive as financeiras. Somente com os juros da captação de capital de giro a cooperativa pagou R$ 40 milhões em 2022.

Mas foi longe de ser tranquilo os momentos que antecederam essa assembleia e também os da sua realização. Mesmo com a aprovação das contas do exercício anterior e do sinal verde para a venda aos chineses, não houve unanimidade entre o associados, funcionários e a sociedade orgamizada do Vale do Taquari. 

Acusado pelos contrários à venda das operações por ser “mau gestor” e de ser “megalomaníaco” nos investimentos da cooperativa, Dirceu Bayer montou uma grande operação de articulação para convencer os associados de que esse era o único caminho para evitar a falência.

Contra os críticos, dizia que eles trabalhavam com informações distorcidas.

Ambiente tenso

Durante a reunião dos associados, nesta quinta-feira, um ex-associado foi até a polícia civil registrar queixa por ter sido barrado de entrar na assembleia. Elmo Feine, que disse ter sido expulso do quadro em 2022 por ser crítico à administração da cooperativa, voltou, depois de ir à delegacia, à sede da Associação dos Funcionários da Languiru para participar da assembleia. Mais uma vez teve a sua entrada proibida.

Ao final e ao cabo, venceu a insistência e os créditos adquiridos ao longos dos últimos anos por Dirceu Bayer, responsável também pela recuperação da cooperativa na virada do século, quando assumiu sua presidência em meio a uma grande crise financeira e com fortes riscos de quebra.

Se ele está certo novamente, o tempo responderá.