Alckmin: pronto para o que der e vier

Alckmin: pronto para o que der e vier

Vigésimo terceiro dia de governo Lula. Assim, faltam 3 anos e 342 dias para ele terminar. Prazo que pode ser abreviado, dependendo do próprio governo. 

Içado pela justiça, amparado pela imprensa e tolerado por uma parte da sociedade que queria mudar, Lula voltou ao poder se sentido o redentor, que pode tudo. Não pode.

Lula se acha o “Madiba”, mas suas biografias são distantes. Nelson Mandela esteve preso, mas por motivações políticas em meio ao apartheide, Lula foi encarcerado após três instâncias da justiça concluírem sua ativa participação num dos maiores esquemas de corrução da humanidade.

Com um discurso calibrado para o seu público, Lula já sugeriu acabar com a política de teto fiscal, com a autonomia do banco Central, desdenhou do mercado e de investidores e foi desrespeitoso com os empreendedores do seu país. Essa retórica ultrapassada apenas amplia a divisão.  

Na quarta, 18, aos companheiros sindicalistas que visitavam o Planalto, Lula disse que “o empresário não ganha muito dinheiro porque ele trabalhou, mas porque os trabalhadores dele trabalharam”.

O líder petista cospe no prato que comeu, pois me vem uma lembrança lá do final dos anos 1990, quando ele e o irmão (falecido) Frei Chico se empenhavam em desmontar as greves dos funcionários da Odebrecth a pedido do amigão Emílio.

 A gratidão foi eterna, com o mano de Lula, inclusive, recebendo salário vitalício da Organização mesmo sem fazer nada, até a lava-jato estourar Na Odebrecht ficou famosa a frase “Se é bom pra Lula, é bom pra Emílio”. E foi por muito tempo assim. Lula é mal-agradecido!

Deve ser duro para os petistas rememorarem essas coisas, mas o seu líder sempre conviveu com sérios problemas de contradição moral.  

Sobre os empresários – a maioria deve ser respeitada, por ralarem com ímpeto e serem teimosos num país cujo estado volta e meia lhe aplica uma cama-de-gato.   

Lula começa seu terceiro mandato tentando recuperar a propalada aura de líder dos desprotegidos, a qual o tempo e o poder mostraram nunca ter existido. Ao tentar refazer o seu personagem, ele espicha a corda.

Mas é bom baixar a bola. O 8 de janeiro não apagou a história, nem matou a ojeriza de parte da multidão pela sua volta. A parcela de gente que quer lhe ver pelas costas é bem maior do que o propagandeado.   

E assim como Michel Temer fez com Dilma Rousseff, Geraldo Alckmin está ai, pronto para o que der e vier!