Aperfeiçoar e pacificar: eis o desafio

Aperfeiçoar e pacificar: eis o desafio

O estarrecimento foi geral as imagens do Congresso Americano invadido. Logo nos Estados Unidos, no seguro Estados Unidos, no democrático Estados Unidos.

Aliás, aqui nós já vimos cenas parecidas. Nada igual, é verdade, mas em 1997, durante a tramitação da votação das privatizações das estatais gaúchas, no governo de Antônio Britto, sindicalistas e partidários de esquerda tomaram gabinetes, o plenário e usaram até a tribuna da casa, numa sessão imaginária. Foi deprimente.

Foi uma época tensa por aqui, com invasões de terras e de empresas, num desrespeito total à propriedade privada. As imagens da destruição e do pisoteio das mudas dos viveiros de eucalipto da Aracruz, em Barra do Ribeiro, pela turma da Via Campesina, ainda estão vivas na lembrança dos gaúchos mais veteranos.

Agora, em 2015, nova ameaça ao legislativo gaúcho, quando sindicalistas impediram o acesso dos parlamentares ao prédio, para protestar contra o projeto de ajuste fiscal do então governo Sartori. E faça-se justiça: a reação firme do então presidente da Casa, o deputado emedebista Edson Brum, neutralizou os ânimos e o projeto foi votado.  

Aqui ou lá, ações do tipo geralmente tem a mão política por trás. E os objetivos dos manipuladores são bem menos nobres do que o romanticamente vendido. E o poder, seja por sua sucessão ou permanência é o início, meio e fim dessas iniciativas.  

A invasão e a morte no Capitólio, um dos maiores símbolos da democracia americana e mundial, talvez signifique a progressão para um novo tempo. Ou, na pior das hipóteses, o incentivo à continuação de uma época em que a alopração e o extremismo tentam derrubar na marra os fatos, a razão e lei.

O caso de ontem me lembrou a forma de pensar de dois respeitados amigos. Uma delas é a do advogado Nestor Hein, que mesmo não concordando com a postura de alguns ministros do Supremo Tribunal Federal, diz sempre torcer pelo seu aperfeiçoamento e que jamais fará coro para o seu fechamento.

O outro é do ex-secretário estadual da Agricultura e ex-prefeito João Carlos Machado, que sempre reagia com serenidade às provocação dos adversários políticos: “Briga só leva a mais briga, que geralmente não resolvem nada”, dizia durante as contendas.

O que o Brasil, os Estados e o mundo precisam neste momento é de menos gasolina e mais extintores. Pois como recomenda a música “é preciso paz para poder sorrir”. Mesmo que ainda seja sob máscaras.  

Ouça: https://soundcloud.com/onexoural/tudo-o-que-precisamos-e-de-menos-gasolina-e-mais-extintores