Justa, compreensível e oportuna a manifestação que está sendo preparada para esta quinta-feira (7), no interior de São Paulo. O objetivo das cooperativas e entidade representativas do setor rural são dois: tentar sensibilizar o governo paulista a voltar atrás, revogando o tarifaço promovido pelo governo João Dória no apagar das luzes de 2020, e também conscientizar a população consumidora sobre a verdadeira responsabilidade desses aumentos.

A lembrar: proposta semelhante foi elaborada pelo governo gaúcho em meados deste ano. Graças a intervenção das entidades de classe do setor, lideradas pela Farsul, o plano de taxar a produção com a retirada dos incentivos dos insumos, majoração das alíquotas do diesel e reajuste do ITDC não vingou.

O governador João Dória (PSDB) jura que não se trata de aumento de impostos, mas de um ajuste fiscal. Eufemismo. Com a retirada dos benefícios, leite, ovos, farinhas e ração animal terão seus preços elevados em quase 5%. Suco de laranja e queijos em 13, 5%. A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) prevê aumento de 8,4% no leite longa vida e 9% nas carnes. A mova matriz tributária paulista também prevê 13,6% de reajuste na eletricidade rural.

Dória é apenas mais um político que ao se deparar com a obesidade mórbida da administração que gerencia, recorre ao manjado recurso de taxar a população, a produção, os serviços. Neste caso, dois fatores chamam a atenção: Dória anula a promoção desses incentivos fiscais, decidida lá atrás pelo correligionário Mário Covas, que tinha justamente a intenção de reduzir os valores da cesta básica aos mais pobres.

O outro estranhamento é que essas mudanças, a serem pagas pela população, se dará num delicado momento econômico e social, em que muitas atividades ainda estão paradas e outras funcionando a meia boca por causa da pandemia. O índice de desemprego em São Paulo é um dos maiores do País, chegando a quase 4 milhões de trabalhadores.

O tratoraço, anunciado para pelo menos 50 municípios paulistas, tem a solidariedade e o apoio dos produtores de todo o Brasil. Trata-se de um grito contra o sufoco tarifário, contra o conceito distorcido de vilania e contra a postura de um governo que não demonstra o mínimo de sensibilidade com as circunstâncias. Mas isso será amplamente lembrado daqui a menos de dois anos.

Ouça: https://soundcloud.com/onexoural/o-grito-dos-produtores-paulistas-e-de-todos-os-colegas-brasileiros

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