Quando a política e os políticos custam caro a um país

Quando a política e os políticos custam caro a um país

O agronegócio brasileiro, que tanto apoiou Jair Bolsonaro, hoje vive o drama entre se solidarizar com as questionáveis penalidades impostas a ele pela Justiça, o temor dos prejuízos econômicos que começam a ser calculados pelo tarifaço norte-americano e a indignação com os aqueles que escancaradamente influenciaram Donald Trump. A família  Bolsonaro assumiu isso.

A CNA - Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil  calcula em US$ 5,8 bilhões ao ano as perdas, caso sejam mantidos esses 50% de taxação das importações dos produtores brasileiros.

O estudo da confederação diz que alguns produtos sofrerão mais do que outros. No suco de laranja, por exemplo, a nova taxação praticamente zerará o volume comercializado. Na carne e sebo bovino, as vendas para os Estados Unidos cairão pela metade. Já a comercialização de madeira e café a queda de negócios não fica abaixo dos 25%.

Nessa quinta-feira veio a furo a intenção do governo norte-americano nos chamados minerais estratégicos, ou críticos, como o lítio e nióbio, que servem à indústria da energia limpa.  Não ficou claro em que tom foi colocado isso pelo representante da embaixada americana em reunião com o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) mas a reação foi forte, inclusive com o presidente Lula, num ataque ufanista, vociferando alto contra a “investida” norte-americana.   

Aliás, o atual governo grita muito e age pouco na sua política externa. Se funcionasse de fato, no mínimo não seria pego de surpresa pelo anúncio americano. O que mais impressiona nisso tudo é que não existe um interlocutor do governo brasileiro junto à Casa Branca. E isso é inédito na diplomacia nacional.

Por falta de afinidade ideológica, o governo Lula nunca se preocupou muito com o que poderia vir de Trump. Por afinidade ideológica, os Bolsonaros ajudaram a colocar gasolina no fogo de Trump.

É quando a política e políticos custam caro para um país. Mais cedo ou mais tarde a conta chega.