O crescimento da avicultura gaúcha com os infortúnios
Nas previsões setoriais do início deste ano a avicultura gaúcha figurava como um dos nichos que cresceriam bem e fecharia 2024 na casa mínima de 4 a 5% em volume e receitas. Não rolou. Em maio a enchente, em junho o foco de DNC (Doença de New Castle).
A conta chegou: entre janeiro e outubro deste ano, foram exportados 570 mil toneladas de frango, 7,4% a menos que nos mesmos primeiros dez meses de 2023. Isso significa que US$ 300 milhões a menos deixaram de entrar nos caixas dos produtores e das empresas. A queda da produção gaúcha, terceira maior do Brasil, também teve impacto nas vendas externas brasileiras – de frango e de ovos.
Os lamentos, no entanto, foram rapidamente dissipados pela urgência em agir. Vieram os mutirões para recuperar as granjas, os planteis e os acessos atingidos pelas chuvaradas de maio. No meio do ano, para comprovar que um caso viral numa propriedade do Vale do Taquari era isolado e que a sanidade da avicultura regional é sagrada, uma operação de guerra foi montada.
Dificuldades separam, mas também unem entidades e pessoas. Nestes casos a cadeia produtiva do frango pegou junto e se a situação ainda não é de normalidade isso está muito próximo. A Conbrasfran (Conferência Sul Brasil da Indústria e Produção de Carne de Frango) 2024 demosntrou isso, reunindo em Gramado nesta semana indústria, fornecedores e produtores dessa divisão da proteína animal. Com os elos valorizados entre si, as posturas e os discursos já ecoam em 2025.
E o futuro da avicultura é promissor. Somente a China, um dos principais importadores da proteína, deverá dobrar o seu consumo de frango em dez anos. Assim como na Ásia, o mundo aumenta a compra e a estimativa é dum aumento de 47 para 58kg per capto de frango até 2034, como informou na sua apresentação o diretor de mercado externo da Cooperativa Central Aurora Alimentos, Dilvo Casagranda.
Para atender essa demanda, entretanto, a produção tem que bombar e ai entram novos e antigos gargalos, que passam também por investimentos do setor público em transporte e logística, desburocratização interna e menor custo alfandegário, além de mudanças na tributação. Tudo isso para possibilitar mais capacidade para investir, como comentou Casagranda.
Mais produção, mais demanda também para as granjas, frigotíficos, serviços sanitários e também para as entidades do setor. E não será por falta de lideranças que as metas deixarão de ser alcançadas. Em Gramado, tanto o presidente-executivo da Asgav, José Eduardo dos Santos, quanto o da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), Ricardo Santin, demonstraram, primeiramente sintonia entre ambos, além de serem profundos conhecedores das virtudes e dos anseios dos envolvidos na cadeia avícola. E isso gera respeito e credibilidade.
Organizador da conferência de Gramado, o sempre sensato executivo da Asgav prefere dividir com a equipe e parceiros o sucesso dessa edição que foi informativa e leve, reflexiva e promissora. A sua discrição também é item de uma forte capacidade de aglutinar e manter parceiros. Ganham todos!