Bolsonaro e Kassab: os grandes vencedores da eleição 2024

Bolsonaro e Kassab: os grandes vencedores da eleição 2024

As eleições municipais costumam ser mais personalistas do que partidárias ou ideológicas. Porém, isso não significa a dispensa da influência dos grupos que governam os estados e o país nas disputas locais, para o bem ou para o mal.  

Por exemplo, por mais que Eduardo Leite (PSDB) tentasse se distanciar da campanha eleitoral deste ano, a sua imagem ficou naturalmente colada a nomes a ele ligados. Ver o fiel escudeiro Fernando Estima não ir sequer ao segundo turno da eleição pelotense, com apenas 20% dos votos e assim não dar continuidade a um ciclo começado por Leite é sim um indicativo negativo para o governador.

Isso vale também para o presidente da República, cujos desempenhos nas Capitais, a começar por São Paulo na qual o seu aspirante de dublê Guilherme Boulos (PSol), por um traço quase ficou fora do segundo turno, foi pífio.

Mas a leitura mais óbvia desse pleito municipal é o encolhimento do PT. E aí entra uma reafirmação: Lula e partido não são mais o mesmo corpo. Se Lula sobrevive pelo populismo e com certa ajuda do sistema e também adversária, o Partido dos Trabalhadores agoniza politicamente com um discurso mofado e nomes manjados.

Porto Alegre é um exemplo desse desnorteamento. Após reinar absoluto por cinco mandatos consecutivos entre o final da década de 1980 até meados de 2000, o partido conseguiu errar no nome e na fórmula, este ano. Fazer de Sebastião Mello (MDB) o “vilão das enchentes” não foi inteligente. Os cérebros do PT ainda funcionam na era analógica, quando as verdades só se reestabeleciam após a contagem dos votos. Viva as redes sociais!

Mas duas criaturas políticas em especial têm bons motivos para bater no peito e comemorar os resultados deste domingo. Um deles é Gilberto Cassab, que viu o PSD que comanda eleger o maior número de prefeitos no Brasil. Foram 877 nesse primeiro turno, superando tradicionais partidos como o MDB (848) e PP (750). Kassab se especializou em surfar nas boas ondas e nesta eleição o placar provou a força do pragmatismo político de resultado.

Outro que ganhou foi Jair Bolsonaro. O ex-presidente teve apoiadores e discípulos se elegendo em todos os estados. O seu PL fez 520 prefeitos até esse dia 6. O PT fez a metade disso. E aqui também vale a regra da dissociação: o PL é uma mera entidade de reunião bolsonarista.

Ainda é incerto que Jair Bolsonaro possa se candidatar em 2026, já que o que pesa contra (ele falou mal do sistema eleitoral para embaixadores estrangeiros) parece ser frágil. Se for liberado, chega competitivo. As eleições deste ano mostraram isso.