Em Santa Cruz do Sul teve entrega de máquinas, adulação e até payada. Medidas que é bom, nada!
Num ato político, no final da manhã desta terça-feira (28), em Santa Cruz do Sul, o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro instalou a Pasta que coordena no Estado e fez a entrega de máquinas pesadas a 31 prefeituras gaúchas, que as utilizarão na reconstrução dos municípios.
O maquinário amarelo é resultado da indicação de investimentos das emendas de parlamentares federais gaúchos, que estavam represadas no Mapa há pelo menos 5 anos.
Na solenidade, a prefeita de SCS, Helena Hermany (PP) agradeceu a ajuda federal em nome dos colegas da região, duramente atingida pelas enchentes. Os deputados Heitor Schuch (PSB) e Dionilso Marcon (PT) louvaram o ministro e teve até trecho de payada, quando o secretário-adjunto da da Agricultura Estadual Márcio Madalena usou a tribuna.
Entretanto, a parte da plateia não pertencente ao círculo político, saiu desapontada. Diante das severas perdas na agropecuária gaúcha, que por baixo passam da volumosa cifra do R$ 3 bilhões, apenas o adiamento dos pagamentos das parcelas dos financiamentos, anunciado há 15 dias, não é o suficiente.
Como consolo, o ministro citou a assinatura de um decreto presidencial que Lula deverá assinar essa semana o qual cria um fundo de aval para socorrer os “empresários”, mas que nem ele nem ninguém sabe direito como irá funcionar.
Mas Fávaro sabe bem o que os produtores rurais do Rio Grande do Sul querem. Na sua mesa repousa um ofício da Farsul que pede a liberação de uma linha de crédito da União com prazo de 15 anos, dois de carência e juro subsidiado de 3%. E foi ele quem pediu a sugestão da federação, representada em Santa Cruz do Sul pelo seu presidente Gedeão Pereira.
“O fundo de aval não resolve o nosso problema, ele pode ser parte de uma solução”, disse à coluna o economista-chefe da Farsul, Antônio da Luz, para quem esse mecanismo é esparso e carece de regras mais amplas e claras: "Como serão subsidiados os juros dos valores emprestados? A quantia disponibilizada será suficiente?", questiona o economista.
Da Luz complementa dizendo que um governo que paga R$ 7 bilhões para importar arroz e colocar nas embalagens o seu selo, pode perfeitamente subsidiar a recuperação de um setor regional que está na lona.
Inspirado em Márcio Madalena, que há 15 anos conquistou o Enart (Encontro de Artes e Tradição Gaúcha) na categoria Payada, o colunista deixa aqui também um trecho da obra “Brasil Doente”, do maior dos payadores gaúchos, o saudoso Jayme Caetano Braun. Letras, aliás, atuais, que podem também servir como homenagem ao senhor ministro.
“Que diga a esses insensatos
Que nos reduzem a trapos
Que neste chão dos farrapos,
Chimangos e maragatos
Não há lugar pra gaiatos
E pra bobos não servimos
E nem tampouco pedimos
E nem tampouco imploramos
Aquilo que conquistamos
Nós simplesmente exigimos”