Importação de arroz: Câmara Setorial rechaça, ministro insiste
“Foi tensa”. Assim um dos participantes da reunião da Câmara Nacional Setorial do Arroz classificou o encontro da manhã desta quarta-feira (22), que reuniu presencial e remotamente integrantes da cadeia produtiva do cereal. O Ministério da Agricultura teve representante.
A reprovação à decisão do Ministério da Agricultura de importar 1 tonelada de arroz une as entidades que congregam produtores, cooperativas e indústria. Exemplo são as associações que reúnem as associações da indústria do Rio Grande do Sul e de Minas Gerais. Na reunião desta quarta-feira, cuja presença da imprensa foi vedada pelo Mapa, o Sindarroz mineiro anunciou, inclusive, que as suas filiadas não participarão de eventuais compras de arroz importado.
Na contramão dessa postura, entretanto, a Associação Brasileira da Industria do Arroz (Abiarroz) anunciou, também nesta quarta-feira, a chegada ao Brasil de 75 mil toneladas de arroz da Tailândia em julho deste ano. O produto, segundo informado pela entidade, é o beneficiado polido longo fino tipo 01.
Na audiência foi fortemente criticado o fato de o governo federal ter tomado a decisão de comprar arroz estrangeiro sem consultar a câmara setorial, tradicional fórum dos debates do setor e cujos debates e informações subsidiam as tomadas de ações públicas.
Também nessa quarta-feira, segundo o Portal G1, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro reiterou a disposição do governo de importar o cereal, após o primeiro leilão marcado para esta terça-feira (21) ter sido frustrado por causa do sobrepreço verificado na oferta de arroz produzido em países vizinhos do Brasil.
Em audiência na Câmara dos Deputados, Fávaro anunciou que “muito em breve” a Conab vai retomar o leilão para compra pública de arroz. Mais uma vez ele justificou a aquisição como forma de evitar a "especulação" no mercado do cereal em função da enchente no Rio Grande do Sul, maior produtor.
Para baixar o preço do arroz de outros países, como o tailandês, o governo tem como solução o zeramento das alíquotas de imposto de importação.
Mesmo contra a operação, entidades chegaram a admitir a importação, mas de uma quantidade menor, que ficasse ao redor das 100 mil toneladas. O temor é que a medida intervencionista do governo influencie na comercialização dessa e da safra seguinte, já que poderá haver excesso de oferta.
Produção brasileira maior
Na reunião da Câmara Setorial, presidida pelo produtor rural gaúcho Henrique Dornelles, foi reiterada a informação de não haver risco da falta de arroz no mercado doméstico. Segundo a Federação das Associações dos Arrozeiros (Federarroz), representada na reunião pelo seu presidente Alexandre Velho, a oferta é assegurada porque a maior produção de arroz em outros estados este ano compensa a queda da produção gaúcha de 2024, que não chega a 2% em relação à safra colhida em 2023. Há também, segundo Velho, uma redução das exportações em relação ao ano passado.