Carlos Fávaro: um ministro decorativo  

Carlos Fávaro: um ministro decorativo  

O governo Lula não vai descansar enquanto não importar arroz. Azar se os números oficiais da safra atestam que não haverá falta do produto e não interessa que a safra já esteja quase 100% colhida, com uma queda inexpressiva de produção em relação à passada. Não importa que o mercado comprovadamente esteja bem abastecido.

E o pior, não interessa se o momento do Rio Grande do Sul é delicado, que o Estado precisa mais do que nunca de todas as fontes de receitas possíveis. Ao facilitar a compra de arroz de fora, inclusive com isenção de taxas, o valor recebido pelo produtor cai. Isso é lei, o resto é conversa fiada.   

A desculpa oficial é evitar a especulação, e manter os preços baixos para a população consumidora. Internamente, o medo é das manchetes da alta da inflação. A razão é política, a causa é eleitoreira. A enchente facilitou as coisas.

Na Conab, presidida pelo fiel Edegar Pretto, missão dada é missão cumprida. Mas a decisão de importar arroz vem mais de cima. Os chamados estrategistas preferem apenas aqueles produtores de intrigas e de vazias narrativas.

Mas essa investida não passaria de ensaio, caso a titularidade da agricultura não fosse exercida por alguém tão frágil para um cargo de tamanha envergadura.

O senador mato-grossense Carlos Fávaro é o nome que Lula nomeou no Ministério da Agricultura para acalmar o agronegócio. Errou. Na Aprosoja Brasil, entidade que Fávaro foi dirigente, as portas lhe estão fechadas. No governo, como o esperado, ele é apenas um estranho vaidoso.

Na semana seguinte às chuvas do Rio Grande, Fávaro anunciou a prorrogação dos vencimentos dos financiamentos dos produtores gaúchos. Foi ágil, mas fez o óbvio. A contrapartida foi a importação de um alimento oferecido justamente pela federação recém arrasada por uma inédita cheia.

A importação de arroz, autorizada pelo governo federal, é injusta pelo que fazem os seus produtores. E essa grosseria tem a assinatura do senhor Ministro da Agricultura. Isso também é inédito, ao ponto de constranger novos e antigos servidores da casa.

O posicionamento de Carlos Fávaro nessa questão do arroz é a tradução da sua minguada representatividade no setor e mais uma prova clara do seu papel no governo: um ser decorativo.