Farsul pede agilidade em reunião com ministro Fávaro

Farsul pede agilidade em reunião com ministro Fávaro

O presidente da Farsul, Gedeão Pereira, diretores e técnicos da entidade, presidentes e representantes de 122 sindicatos rurais do Rio Grande do Sul se reuniram na manhã desta terça-feira (7) com o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro e sua equipe.

Na audiência remota, que durou 1h30min, foi apresentado ao ministro, que está em Brasília, um resumo da situação do Estado após a catástrofe das cheias e uma lista com as urgências da prejudicada produção rural gaúcha.  

No material foi destacada a importância de uma rápida reconstrução do Rio Grande e a preservação dos negócios e dos empregos.

Fávaro disse que entregará as demandas enviadas oficialmente pela Farsul, ainda pela manhã, no Palácio do Planalto, nas mãos do presidente Lula, numa reunião ministerial que ocorre no início da tarde.

“A cada ano arrecadamos R$ 65,6 bilhões em impostos federais, tendo de retorno R$ 13,7 bilhões. E isso ajuda muito o Brasil, ministro, mas agora é hora de Brasília retribuir”, disse o economista-chefe da Farsul, Antônio da Luz ao informar que a cada 12 anos um PIB anual gaúcho é enviado ao poder central.

Para a Farsul e os sindicatos filiados o mais urgente nesse momento é uma medida que prorrogue todas as parcelas de financiamento de custeio, investimento e comercialização contraídas pelos produtores gaúchos que estão nos municípios afetados. Além disso, a entidade sugere crédito para reconstrução, reinvestimento e giro.

Tanto Gedeão Pereira quanto da Luz reiteraram ao ministro e sua equipe a necessidade de se quebrar as resistências burocráticas diante das urgências.

Na reunião, Fávaro mostrou estar inteirado sobre a situação do Estado e justificou ainda não ter vindo ao Rio Grande por causa dos acessos rodoviários interrompidos. “Olha, pelo que tenho visto, a prioridade das prioridades é a reconexão das estradas e dos acessos aos municípios”, comentou.

O ministro concordou que mecanismos precisam ser criados para superar a burocracia, como por exemplo, a criação de um fundo de aval garantidor para as operações de destinação de recursos. “Existe muitos produtores que já estavam devendo pelos problemas de antes, ou seja, não há liquidez, disse ao defender o fundo de aval.

Governo vai importar arroz

Um dos momentos tensos da reunião foi quando o ministro sugeriu a importação de arroz do Paraguai pela Companhia Nacional e Abastecimento (Conab). Segundo ele, a medida visa garantir a segurança alimentar do país, já que neste momento a situação estrutural impede o escoamento da safra gaúcha, e para evitar a especulação. Fávaro falou em 1,5 milhão de toneladas, o que para ele, “não fará muita diferença”, já que o mercado está acostumado com essas quantias.

Ao ser instigado a revisar a decisão de importar arroz em função dos riscos de queda de preços ao produtor, Fávaro falou que a medida é mais estratégica: “Precisamos pensar no Brasil e preciso da compreensão de vocês”, disse ele se dirigindo aos produtores da reunião.

Fávaro complementou: “Vamos comprar, mas isso não quer dizer que vamos imediatamente vender”.

Ao final do encontro, o presidente da Farsul pediu que as diferenças políticas e ideológicas precisam ser deixadas de lado nesse momento. “São públicas as nossas posições, mas isso é secundário nesse momento em que o fundamental é reconstruirmos o Rio Grande cujo estado é de sofrimento e de degradação completa”, alertou Gedeão.   

 

O QUE A FERADERAÇÃO DA AGRICULTURA PEDE

EM EMERGÊNCIA

Prorrogação de todas as parcelas de custeio, investimento e comercialização, independente da fonte dos recursos, onde a de custeio será prorrogada pelo tempo da liberação do “Crédito Reconstrução” e a de investimento para depois da última;

CRÉDITO RECONSTRUÇÃO: dimensões de reinvestimento e capital de giro

CRÉDITO REINVESTIMENTO: destinado a reconstrução da estrutura produtiva, podendo ser empregado em bens de capital, benfeitorias ou infraestrutura de apoio a produção;

CRÉDITO GIRO: destinado a permitir a redução da alavancagem com credores, independentemente se bancos, cooperativas de crédito, de grãos, revenda de insumos, etc., bem como o custeio da próxima safra.

CRITÉRIOS DE ENQUADRAMENTO: estão aptos produtores rurais que estejam em municípios afetados por inundação nos eventos de maio de 2024, com decreto de emergência ou calamidade pública e que estejam acompanhados de laudo de perdas assinadas pelo agrônomo responsável, ou entidade pública de extensão e/ou formação profissional, ou com comprovada dificuldade de comercialização por razões logísticas.

Obs: o critério, necessariamente, deve ser o simplificado. Se há algo que o RS não está precisando é de uma nova “gincana burocrática” imposta por quem não quer fazer o que precisa ser feito e usa a burocracia para dar respostas políticas, ou para sua própria consciência.