RESPEITO E GRATIDÃO E ESSES BRAVOS

RESPEITO E GRATIDÃO E ESSES BRAVOS

Vinte e oito de outubro, Dia do Produtor de Tabaco. Conheci e conheço muito deles. São colonos e seus descendentes, de etnias diversas, pelo-duros, mas todos brasileiros. É gente que ajuda a balança comercial nacional a se manter no azul, cidadãos que geram receita às suas prefeituras e investem no comércio e nos serviços das suas comunidades.

Os números e dados da atividade são robustos e comprovam o seu peso. No plantio, colheita e secagem do fumo trabalham meio milhão de homens e mulheres de 150 mil famílias. São 1,5 milhão de hectares plantados de tabaco em 109 mil propriedades de 557 municípios. Juntas, produzem um valor bruto anual de R$ 6 bilhões.

A safra 2019-20 fechou em 634 mil toneladas, redução de 5% na comparação com a anterior. Pode sim se dizer que não foi um bom ciclo. Queda de produção, queda de produtividade, por causa do clima, e uma remuneração bem aquém da justa.

Os reajustes foram fracos e no passeio das folhas pela esteira mais achatamentos dos preços.  

Menos mal que China deverá fechar 2020 importando mais do que as 43 mil toneladas do ano passado. Os embarques, a serem feitos neste último trimestre, deverão carregar 50 mil toneladas para Ásia. E a Europa deve manter as suas compras.  

Na comparação com outras culturas, o tabaco continua sendo uma das mais rentáveis, mas a diversificação das propriedades é uma realidade. A informação e a tecnologia se tornaram aliadas para essas famílias, que têm também ao seu favor entidades confiáveis.

 A Associação dos Fumicultores do Brasil é a mais presente delas. Uma referência de organização e de representatividade. É da Afubra, por exemplo, a execução de um dos modelos mais confiáveis de seguro agrícola brasileiro a uma classe produtora.

Não fosse o seguro-granizo, com as indenizações pagas dentro dos prazos estabelecidos, centavo a centavo, teríamos agricultores com sérios problemas a cada ano, endividados e abandonando a atividade por causa das pedras geladas que arrasam lavouras inteiras.

Na semana passada, a Afubra deu o start para mais um projeto – o de oferecer um lugar para armazenar os grãos dos associados. Os primeiros silos, com capacidade para 500 mil sacos, atenderão aos produtores na região da sua matriz, Santa Cruz do Sul, mas a ideia é construir unidades no RS, PR e SC, onde a Afubra atua.

“E existe ainda a dificuldade extra de cultivar um vegetal combatido por um lobby mundial, que cria cada vez mais dificuldades de consumo”

O fumicultor, assim como a maioria dos produtores rurais brasileiros, tem seus sacrifícios e suas necessidades de infraestrutura, de crédito, de comercialização, que estão longe de serem entendidas e atendidas pelo setor público como e no tempo que deveriam. E existe ainda a dificuldade extra de cultivar um vegetal combatido por um lobby mundial, que cria cada vez mais dificuldades de consumo. E isso gera muitas incertezas sobre futuro.  

O produtor de tabaco é um corajoso, um persistente, um resiliente.

E as suas mãos ajudam muito esse Brasil, principalmente na economia do Sul. Respeito e gratidão a esses bravos.

Alex Soares/CR