O DISCURSO DA ONU FOI UMA PROVIDENCIAL DEFESA DA PRODUÇÃO

O DISCURSO DA ONU FOI UMA PROVIDENCIAL DEFESA DA PRODUÇÃO

Jair Bolsonaro inaugurou um novo tom do discurso brasileiro ao mundo, ontem, ao abrir a 75ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). Acostumados com uma narrativa vitimista de um Brasil que sempre esteve na defensiva, oposição, mídia consorciada e rivais passaram o dia e a noite dissecando e condenando cada parágrafo da manifestação presidencial. 

No capítulo do meio ambiente, a surpresa é compreensível, afinal uma arena internacional nunca tinha testemunhado uma tão aberta e enfática defesa dos réus do tribunal ambientalista nacional. 

"No Brasil, apesar da crise mundial, a produção rural não parou. O homem do campo trabalhou como nunca, produziu, como sempre, alimentos para mais de 1 bilhão de pessoas. O Brasil contribuiu para que o mundo continuasse alimentado", disse ele num trecho. Ele se referia a todos os produtores. 

Sempre que alguém faz menção ao produtor agropecuário brasileiro, seja no palanque estrangeiro que for, a referência nunca terá precisão. Para alemães, franceses ou dinamarqueses o cidadão que cultiva mandioca em Itacoatiara (AM) e o que planta soja na gaúcha Seberi são indissociáveis. 

Eles também não conseguem separar o desmatamento da produção alimentar e tampouco se interessam em saber se a pesada conta das clareiras abertas na floresta deve ser paga por agricultores e pecuaristas que cumprem uma severa legislação, que lhes custa redução de áreas e de produção em nome da preservação.

"Nosso agronegócio continua pujante e, acima de tudo, possuindo e respeitando a melhor legislação ambiental do planeta", disse mais adiante Jair Bolsonaro. 

A fala do presidente do Brasil ocorreu num delicado momento para a produção agrícola nacional, dependente que se tormou das exportações. Nesta terça-feira, horas após o discurso da ONU, o Ministério da Agricultura e o Itamarati enviaram carta às autoridades francesas. 

Nela, presta esclarecimentos sobre um relatório encomendado pelo governo de Emmanuel Macron, que apontou para um agravamento da degradação ambiental caso seja levado adiante o acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul. Desde o início, a protetora França foi contra essa aliança. 

Na mais polêmica parte do seu discurso, quando Bolsonaro atribui aos nativos parte das queimadas na Amazônia, imprensa, ativistas e oposição cobraram provas. Entretanto, ele informou quem queima e deu até a localização. Já que o caso são evidências, nada que uma boa equipe de jornalismo isento não possa ir verificar. 

O discurso de Jair Bolsonaro às Nações Unidas foi um gesto de respeito com a atividade rural produtiva do seu país. Reconhecimento e importância que deveriam ser melhor compreendidos por todos. E não somente em palavras, mas também em posturas e atitudes. 

Por Alex Soares