Por Alex Soares

O médico veterinário e diretor-proprietário da Estância Guatambu, Valter José Pötter fez um desabafo na edição do último sábado, no programa Conexão Rural. "Ou se interrompe o uso do 2-4 D ou se acaba com a diversificação de culturas no Estado", disse o produto de uvas e vinhos, mas que também cultiva soja em Dom Pedrito, na região da campanha do Rio Grande do Sul.  

"É um produto incontrolável, ele viaja longe e aqui no Estado não existe clima para o seu uso", comentou Pötter ao informar que num levantamento recente, a partir de mapas meteorológicos do mês de pico das aplicações, ventou menos de 10 km horários (velocidade máxima recomendada para a aplicação do pré-emergente) em apenas 5 dias. Foram 25 dias ventando acima de 10km, 20km e 30km, mostrou a estudo. 

Em 2018, das 81 amostras coletadas de plantas com suspeita de terem sido atingidas pelo 2,4-D, 61 tiveram resultados positivos em testes feitos pela Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (SEAPDR). Este ano, chegam a 100 as denúncias, as quais ainda não tiveram os seus resultados divulgados. 

"Além de mais numerosas, as derivas deste ano estão sendo mais intensas", disse Pötter, ao dizer que teve 18 hectares de um vinhedo de 20 hactares atingidos totalmente. "Inteiro mesmo só sobrou 1 ha desta área, assim mesmo porque já estava em outro ciclo", lamentou o emprededor, que produz uma das mais tradicionais marcas de vinho do Brasil. 

Pötter deixa claro que nada tem contra a soja, mas tudo contra o herbicida, o qual ele não entende como ainda não foi substituído por outro produto, mesmo que seja um pouco mais caro. 

"Está claro que as normativas aplicadas pela Secretaria da Agricultura se mostraram ineficazes, por a situação piorou mais, pois temos relatos de que de Dom Pedrito a Cacequi aumentaram os relatos de deriva", disse ele. 

Ouça a entrevista de Valter José Pötter