Cooperativa catarinense negocia abertura de unidade em Camaquã

Cooperativa catarinense negocia abertura de unidade em Camaquã

Por Alex Soares

Se depender do presidente da Cooperja, Vanir Zanatta, ficou bem encaminhada a instalação das operações da cooperativa catarinense em Camaquã. Zanatta, o diretor José Haroldo Cadorin e os gerentes Vinícius de Moraes (Comercial) e José Porto Francisco (Logística) estiveram na cidade nesta quinta-feira (10), quando se reuniram com o prefeito Ivo de Lima Ferreira, visitaram o provável futuro local da sede e almoçaram com produtores e empresários no Sindicato Rural. 

Ao final do roteiro, não escondeu a sua empolgação pela receptividade. Em tom descontraído, disse que "nem esperava tanto". Na entrevista dada ao Conexão Rural, ponderou que a decisão depende, agora, de uma assembleia dos associados a ser realizada no próximo fevereiro. E em caso de aprovação, informou, "Em meados de 2020 já começamos a mexer alguma coisa aqui".  O comandante da Cooperja, entretando, na mesma entrevista mostrou otimismo: "Mas tenho certeza que dará tudo certo". 
Num primeiro momento, a unidade receberia grãos de soja e abriria uma loja agropecuária. 

(Assista a entrevista em vídeo abaixo)
 

A cooperativa
A Cooperja tem a sua sede administrativa no município catarinense de Jacinto Machado, também local da sua fundação, meio século atrás. O município está situado no sul de Santa Catarina, a 60 quilômetros da gaúcha Torres e possui, além de quatro unidades industriais (uma delas em Santo Antônio da Patrulha-RS); quatro supermercados; onze lojas agropecuárias; um posto de combustivel; uma beneficiadora de sementes e uma fábrica de ração. São três os estados em que opera. Além de SC e do RS, uma unidade beneficiadora opera em Pernambuco. 

Contatos 
Os primeiros contatos entre a cooperativa, que possui quase 2 mil associados, 750 colaboradores e que em 2018 teve um faturamento de R$ 520 milhões (a meta é chegar a R$ 1 bi em 2024), aconteceram por meio dos diretores da Associação dos Arrozeiros de Camaquã. A articulação de José Carlos Pires, representante da Secretaria Estadual da Agricultura em Brasília, e a presença próxima de um associado da cooperativa, o produtor Jair da Costa Oliveira, que planta arroz em Arambaré, atalhou o caminho. Isso se deu logo após anúncio da extinção da Companhia Estadual de Silos e Armazéns (Cesa), ainda em 2018, quando começava a ser buscada uma alternativa para o uso dos armazéns da estatal. As instalações da Cesa, porém, se mostraram inadequadas à execução do  programa de expansão da Cooperja.

Num segundo momento, a prefeitura entrou nas negociações, com o secretário da Indústria e Comércio, Sidnei Soares indo à Santa Catarina oferecer uma área da prefeitura aos empreendedores. Foram lançadas duas opções, sendo uma de pouco mais de 15 hectares, próximo à saída sul de Camaquã, a preferida da diretoria da cooperativa. 
 

Prêmio e isenção da taxa de secagem 
Comprador imediato da ideia de ir em busca de um parceiro para substituir a Cesa, o presidente da Associação do Arrozeiros, José Carlos Gross, comemorou os avanços demonstrados com a visita desta quinta-feira. Ao lembrar que sempre foi sonho da entidade que preside e dos produtores da região em ter uma cooperativa, ele citou o adicional pago aos associados da Cooperja em 2018, que foi de R$ 2,60 por saco. Ao final do ano, parte do lucro da cooperativa é dividido. Além disso, informou, "O associados que depoisitam o grão lá não pagam os 8% usuais de taxa de secagem, praticados aqui. Só ai já dá para ver as vantagens", comentou. 

"O que a Lei permitir, nós faremos"
O prefeito de Camaquã, Ivo de Lima Ferreira (PSDB) comemorou também o interesse dos catarinenses e informou que está fazendo o possível para para facilitar as negociações, inclusive enviando um secretário municipal à sede da cooperativa. "Foi oferecida essa área e tudo que estiver dentro da lei nós negociaremos. Uma que isso vai ajudar o nosso município e neste caso, em especial os nossos produtores de arroz", comentou o prefeito, que horas antes havia apresentado a área aos investidores. 

 

Sobre o fato de estar optando por uma região pouco familiar ao cooperativismo, o presidente da Cooperja, resumiu: "Sem dúvida é um desafiio, mas a vida é feita deles".