Goergen desabafa:

Goergen desabafa: "Eu tive muito pouco apoio na proposta do Funrural

Entrevistado neste sábado (30) no programa de rádio Conexão Rural, o deputado federal Jerônimo Goergen (Progressista-RS ) repassou informação que obteve junto ao vice-presidente do Banco do Brasil Ivandré Montiel da Silva, de que a instituição financeira irá liberar nos próximos dias uma linha de crédito específica para financiamento rural rural.

De acordo com Goergen, a taxa de juro aplicada será de 12% ao ano, podendo ser reduzida em caso de redução do  prazo de pagamento.  A medida visa remediar a descapitalização dos produtores neste pós-safra, dando um alívio para que possam melhor comercializar sua safra.

"Se pegarmos aqui o Rio Grande do Sul, até pouco tempo o problema do endividamento era problema de arrozeiros, mas vejo que o probelam também se amplia ao produtor de soja", disse o parlamentar na entrevista.

O alto custo dos produtores com arrendamentos é um dos motivos da descapitalização, avaliou ele.

"É um absurdo o produtor ter que pagar 25 ou até 27 sacos de soja de arrendamento por hectare, mais o custo de produção de 30 sacas numa produtividade média que chega a 60, 65 sacas/ha", disse ele ao comentar que ao final do ciclo muitos produtores não terão como pagar sequer o custo.

Após uma intensa peleja que culminou com a criação de uma linha de crédito do BNDES, no final do ano passado, para diminuir o índice de endividamento do setor, o deputado lamenta que apenas R$ 32 milhões foram acessaos de  crédito dos R$ 5 bilhões disponibilizados pela instituição. Os juros altos, justificados pelo alto risco das operações, segundo ele, foi um dos motivos da baixa procura.

Diante disso, o deputado gaúcho agora briga para que seja aprovado um novo mecanismo para ajudar os 70% dos produtores brasileiros a saírem do grupo sem acesso aos financiamentos bancários. O Fundo de Aval Solidário, cuja discussão está em estágio avançado de negociação, teria o mérito de fazer acordos coletivos, que contemplariam até 10 CPFs por operação, com menor custo junto aos bancos, a partir do uso das LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio) como um fundo garantidor.

Porém, na quinta-feira, o Conselho Monetário Nacional (CMN) que tem poder de veto, decidiu adiar a votação do uso das LCAs para o final de abril. Goergen lamentou a postergação, já que a decisão requer urgência.

Fraude eleitoral 
Na mesta entrevista, o deputado lamentou dois pontos sobre as negociaçõesdo passivo do Funrural. Primeiro, ele desabafou a falta de respaldo nos encaminhamentos das propostas:
"Eu tive muito pouco apoio nos temas do Funrural e do endividamento, quase ninguém me ajudou, quase que torcendo que tudo desse errado", desabafou.

Na sequência, ele criticou a postura do novo governo em relação à pauta:

"Essa semana, alguém do governo (de Jair Bolsonaro) deu uma declaração dizendo que isso (a anistia do passivo) era apenas uma promessa de campanha e que agora não precisava cumprir; o que isso gente? Não é assim, isso é um absurdo", comentou.

Confrontado sobre a real possibilidade de o presidente Jair Bolsonaro vetar a proposta favorável aos produtores, Jerônimo foi taxativo:

"Se isso ocorrer, estamos diante de uma fraude eleitoral, uma irresponsabilidade, já que sua candidatura à Presidência cresceu muito em cima desse discurso. Lembremos que ele ele afirmou que daria o perdão desse passivo e muitos não aderiram ao Refis em cima dessas declarações, primeiro como candidato, depois já com o presidente eleito" 

Ao dizer que prefere a acreditar na palavra do presidente, Jerônimo Goergen informou que nesta semana irá propor audiências públicas em Brasília e em outras praças para debater de forma mais aprofundada as reais soluções para os temas do endividamento e do Funrural.

Entrevista com o deputado federal Jerônimo Goergen (Progressista-RS), no Conexão Rural deste sábado (30/03/2019)